A fundação da cidade de Fez, no Marrocos, remonta ao século VIII, durante o governo do califa Idris I. Este califa é considerado o fundador da dinastia Idríssida, que desempenhou um papel crucial na formação da identidade marroquina e na disseminação do Islã na região do Magrebe. A cidade de Fez foi fundada em torno de uma fortaleza, construída por Idris I como parte de sua estratégia de expansão e controle territorial. Com o tempo, Fez se tornou um importante centro político, religioso, cultural e econômico do mundo islâmico.
No entanto, é importante notar que a história de Fez como uma cidade significativa antecede a fundação formal pelo califa Idris I. A região onde Fez está localizada tem uma longa história de assentamentos humanos, remontando aos tempos pré-islâmicos. Durante o período romano, a área foi ocupada e a cidade de Volubilis, localizada nas proximidades, floresceu como um importante centro urbano. Com a chegada do Islã à região no século VII, a paisagem cultural e política da área começou a mudar.
A ascensão dos Idríssidas ao poder marcou um ponto de virada na história da região. Idris I estabeleceu a cidade de Fez como sua capital e um centro de poder para sua dinastia. A localização estratégica de Fez, situada entre as montanhas do Rif e do Atlas, contribuiu para sua importância como centro comercial e político. A cidade se beneficiou da rota comercial transsaariana, que conectava as regiões do Magrebe ao resto do continente africano, bem como das rotas comerciais que ligavam o Mediterrâneo à África subsaariana.
A fundação de Fez pelo califa Idris I estabeleceu as bases para o desenvolvimento subsequente da cidade. No entanto, seu sucessor, Idris II, foi fundamental para consolidar o status de Fez como uma cidade proeminente no mundo islâmico. Idris II expandiu a cidade, construindo mesquitas, palácios e outras estruturas que refletiam o esplendor da cultura islâmica. Sob seu governo, Fez floresceu como um centro de aprendizado, com a fundação da famosa Universidade de Al-Qarawiyyin, que é considerada uma das mais antigas do mundo ainda em operação.
Ao longo dos séculos, Fez continuou a prosperar e desempenhar um papel vital na história e na cultura do Marrocos. A cidade passou por períodos de grandeza e declínio, mas sua importância nunca diminuiu completamente. Durante os séculos XIII e XIV, Fez foi uma das cidades mais importantes do mundo islâmico, rivalizando com cidades como Cairo e Bagdá em termos de influência cultural e intelectual.
Durante a era moderna, Fez passou por transformações significativas, à medida que o Marrocos se tornou uma colônia francesa e, posteriormente, conquistou sua independência. A cidade enfrentou desafios e mudanças, mas sua herança histórica e cultural continuou a ser uma fonte de orgulho para seus habitantes e para o povo marroquino em geral.
Hoje, Fez é reconhecida como um dos destinos turísticos mais populares do Marrocos, atraindo visitantes de todo o mundo para explorar suas ruas estreitas, mercados vibrantes e impressionante arquitetura histórica. A cidade é famosa por sua Medina, uma das maiores áreas urbanas livres de carros do mundo e um Patrimônio Mundial da UNESCO. Fez continua a ser um símbolo da rica história e cultura do Marrocos, preservando sua herança enquanto se adapta aos desafios e oportunidades da era moderna.
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Claro, vamos aprofundar ainda mais a história e a importância de Fez ao longo dos séculos.
Durante a Idade Média, Fez se destacou como um importante centro de aprendizado islâmico e um polo de comércio internacional. A cidade era conhecida por sua produção artesanal, especialmente de cerâmica, couro e tecidos, que eram exportados para diferentes partes do mundo muçulmano e além. A famosa Medina de Fez, com suas ruas estreitas e labirínticas, era o coração pulsante da atividade comercial e cultural da cidade, onde mercadores, artesãos e estudiosos se encontravam e interagiam.
A dinastia Almorávida, que governou partes do Magrebe e da Península Ibérica no século XI, deixou uma marca indelével em Fez. Eles fortaleceram as defesas da cidade, construíram mesquitas e promoveram a educação religiosa. No entanto, foi durante o período da dinastia Almóada, no século XII, que Fez atingiu o auge de sua influência e poder. Os Almóadas transformaram a cidade em sua capital e construíram impressionantes estruturas arquitetônicas, como a Mesquita de Al-Qarawiyyin e a Mesquita de Al-Andalus.
O século XIII viu a ascensão da dinastia merínida, que também escolheu Fez como sua capital e contribuiu para o florescimento cultural e arquitetônico da cidade. Sob o governo dos merínidas, Fez se expandiu ainda mais, com a construção de novas madraças (escolas islâmicas) e palácios, incluindo o elaborado complexo de Bou Inania.
A influência dos merínidas também se estendeu à esfera intelectual, com Fez se tornando um centro de estudo de ciências religiosas, filosofia e literatura. A Universidade de Al-Qarawiyyin, fundada no século IX, continuou a ser um importante centro de aprendizado, atraindo estudiosos e acadêmicos de todo o mundo islâmico.
No entanto, a chegada dos portugueses à costa marroquina no século XV e a subsequente colonização europeia da região representaram desafios significativos para Fez e para o Marrocos como um todo. A cidade enfrentou períodos de instabilidade política e declínio econômico durante os séculos seguintes, à medida que o controle estrangeiro sobre o comércio e os recursos minerais do país impactava sua prosperidade.
No entanto, Fez nunca perdeu completamente sua importância como centro cultural e espiritual. A cidade continuou a atrair estudiosos e artistas, e sua Medina preservou seu caráter histórico único, resistindo às mudanças trazidas pela modernidade. Durante o período colonial, os franceses reconheceram o valor cultural e arquitetônico de Fez, e medidas foram tomadas para preservar e restaurar seus monumentos históricos.
Após a independência do Marrocos em 1956, Fez experimentou um renascimento cultural e econômico. O governo marroquino investiu na promoção do turismo e no desenvolvimento da infraestrutura da cidade, atraindo visitantes de todo o mundo para explorar sua rica herança histórica e cultural. A Medina de Fez foi designada como Patrimônio Mundial da UNESCO em 1981, reconhecendo sua importância como um exemplo excepcional de uma cidade islâmica histórica.
Hoje, Fez continua a ser um dos destinos turísticos mais populares do Marrocos, atraindo visitantes não apenas pela sua história e arquitetura, mas também pela sua vibrante vida cultural e gastronômica. A cidade é um testemunho vivo da longa e rica história do Marrocos e do papel central que desempenhou na história do mundo islâmico.


