O viés é uma tendência inerente à natureza humana que pode influenciar negativamente nossas decisões, muitas vezes de forma sutil e inconsciente. Esses viéses podem distorcer a forma como percebemos informações e como tomamos decisões, levando-nos a resultados não ótimos ou até mesmo prejudiciais. Aqui estão seis exemplos de viéses que podem afetar negativamente nossas decisões:
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Viés de confirmação: Este é um fenômeno psicológico no qual tendemos a buscar, interpretar e lembrar informações de maneira a confirmar nossas crenças ou hipóteses existentes, ignorando ou desconsiderando evidências que contradigam essas crenças. Por exemplo, se alguém tem uma opinião preconcebida sobre uma determinada política, é mais provável que busque informações que apoiem essa opinião, ignorando qualquer evidência em contrário.
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Viés de ancoragem: Esse viés ocorre quando uma pessoa confia demais em uma informação inicial ao tomar decisões. Essa “âncora” inicial pode ser uma estimativa numérica, uma ideia ou uma referência inicial que influencia todo o processo de tomada de decisão subsequente, muitas vezes sem considerar adequadamente outras informações relevantes. Por exemplo, em negociações salariais, uma oferta inicial pode criar uma âncora psicológica que limita a flexibilidade da negociação.
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Viés de disponibilidade: Este viés surge quando tendemos a superestimar a importância de informações que estão facilmente disponíveis em nossa memória, seja devido à sua recenticidade, ao seu destaque emocional ou à sua acessibilidade. Isso pode levar a uma subestimação de riscos menos evidentes ou menos lembrados, pois nossa mente tende a se concentrar nas informações mais acessíveis. Por exemplo, se alguém assiste a muitas notícias sobre crimes violentos, pode superestimar a probabilidade de se tornar vítima de um crime.
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Viés de grupo: Também conhecido como viés de conformidade ou pressão de grupo, este viés ocorre quando tendemos a ajustar nossas opiniões ou comportamentos para se alinhar com as normas ou expectativas do grupo ao qual pertencemos, mesmo que isso signifique ignorar nossas próprias crenças ou intuições. Esse fenômeno é especialmente proeminente em situações sociais, como em grupos de trabalho, organizações religiosas ou comunidades online, onde o desejo de pertencimento pode superar a independência de pensamento.
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Viés de recência: Este viés acontece quando damos mais peso a eventos ou informações recentes ao tomar decisões, em detrimento de informações mais antigas ou de tendências de longo prazo. Isso pode levar a uma falta de consideração adequada das lições aprendidas com o passado e à subestimação de mudanças graduais ou tendências de longo prazo. Por exemplo, investidores podem superestimar a importância das flutuações recentes do mercado de ações e agir impulsivamente com base nelas, ignorando a análise de dados históricos mais abrangentes.
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Viés de autoridade: Esse viés surge quando atribuímos excessiva credibilidade ou confiança a uma figura de autoridade, especialista ou instituição, simplesmente por causa de sua posição ou reputação, em vez de avaliar objetivamente o mérito de suas informações ou argumentos. Isso pode levar a uma aceitação acrítica de informações ou orientações, mesmo quando há evidências contrárias ou razões para questionar sua validade. Por exemplo, em contextos de saúde, as pessoas podem seguir conselhos médicos sem questionar, simplesmente porque vêm de um médico renomado, ignorando outras opções ou opiniões.
“Mais Informações”

Certamente, vamos expandir um pouco mais sobre cada um desses viéses, explorando suas causas subjacentes e os impactos potenciais que podem ter em nossas decisões:
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Viés de Confirmação:
O viés de confirmação muitas vezes surge devido à nossa tendência natural de buscar consistência e coesão em nossas crenças e opiniões. Quando encontramos informações que confirmam o que já acreditamos, isso reforça nossa sensação de estar certo e nos faz sentir confortáveis e seguros em nossas convicções. Por outro lado, informações que contradizem nossas crenças podem ser percebidas como uma ameaça à nossa identidade ou ao nosso senso de segurança emocional, o que nos leva a ignorá-las ou rejeitá-las. Esse viés pode ter consequências significativas em áreas como política, ciência e relações interpessoais, onde a busca por confirmação pode prejudicar o processo de tomada de decisão racional e levar a polarização e conflitos. -
Viés de Ancoragem:
O viés de ancoragem é frequentemente atribuído à tendência do cérebro humano de simplificar o processo de tomada de decisão, focalizando em informações disponíveis e acessíveis. Uma âncora inicial pode ser estabelecida por uma variedade de razões, como uma sugestão verbal, uma oferta de preço ou uma impressão inicial, e pode exercer uma influência desproporcional sobre nossas decisões subsequentes. Isso ocorre porque tendemos a julgar outras informações com base na referência inicial, em vez de considerar independentemente sua relevância ou validade. Reconhecer e mitigar esse viés é essencial para tomar decisões mais informadas e evitar ser manipulado por informações iniciais muitas vezes arbitrárias. -
Viés de Disponibilidade:
O viés de disponibilidade é alimentado pela forma como nossa memória opera, priorizando informações recentes, emocionalmente carregadas ou facilmente acessíveis. Isso significa que eventos ou exemplos que estão frescos em nossa mente podem parecer mais importantes ou representativos do que realmente são. Além disso, a mídia e outras fontes de informação têm o poder de influenciar a disponibilidade percebida de certos tipos de informações, destacando determinados eventos ou narrativas em detrimento de outros. Como resultado, podemos superestimar a probabilidade ou a relevância de certos resultados, levando a decisões subótimas ou irracionais. -
Viés de Grupo:
O viés de grupo é uma manifestação da nossa necessidade básica de pertencimento e aceitação social. Quando nos identificamos com um grupo específico, seja por afinidade étnica, cultural, política ou profissional, tendemos a internalizar suas normas, valores e crenças como nossos próprios. Isso pode levar à conformidade com as expectativas do grupo, mesmo quando isso vai contra nossos próprios julgamentos ou intuições individuais. Além disso, a pressão social para se conformar pode criar um ambiente onde vozes dissidentes são silenciadas ou desencorajadas, limitando a diversidade de pensamento e a capacidade de inovação dentro do grupo. -
Viés de Recência:
O viés de recência é uma consequência natural da forma como nossa mente processa informações temporais. Tendemos a dar mais peso e importância a eventos recentes, pois eles estão mais frescos em nossa memória e têm um impacto mais imediato em nossas emoções e percepções. Isso pode levar a uma falta de contextualização histórica e à subestimação de tendências de longo prazo ou padrões subjacentes. Além disso, a tendência da mídia e da cultura popular de se concentrar em eventos recentes e sensacionais pode reforçar esse viés, perpetuando a noção de que o que está acontecendo agora é mais importante do que o que aconteceu no passado. -
Viés de Autoridade:
O viés de autoridade reflete nossa propensão a confiar e respeitar figuras de autoridade, especialistas ou instituições reconhecidas. Isso pode ser atribuído à nossa necessidade de orientação e segurança em um mundo complexo e incerto, bem como à nossa tendência de assumir que pessoas em posições de poder ou prestígio têm conhecimento e experiência superiores. No entanto, essa confiança excessiva pode nos tornar suscetíveis a manipulação por indivíduos ou instituições que buscam usar sua autoridade para promover agendas pessoais ou interesses ocultos. Portanto, é crucial cultivar um espírito crítico e questionador, avaliando cuidadosamente as informações com base em seu mérito intrínseco, em vez de sua fonte aparente de autoridade.

