Câncer

Tumores da Glândula Pituitária

Introdução

As glândulas endócrinas desempenham papéis cruciais na regulação de diversas funções corporais, e a glândula pituitária, ou glândula hipófise, é uma das mais importantes. Localizada na base do cérebro, esta glândula é frequentemente chamada de “glândula-mestra” devido à sua influência sobre outras glândulas do sistema endócrino. Entre as diversas condições que podem afetar a hipófise, os tumores da glândula pituitária (ou adenomas hipofisários) são notáveis, tanto pela sua prevalência quanto pelos seus efeitos clínicos. Este artigo examina as características, a fisiopatologia, os sintomas, o diagnóstico, o tratamento e as implicações dos tumores hipofisários.

Características dos Tumores Hipofisários

Os tumores da glândula pituitária são em sua maioria adenomas, que são neoplasias benignas. A classificação dos adenomas hipofisários é geralmente baseada em dois critérios: a produção hormonal e o tamanho do tumor. Esses tumores podem ser:

  1. Funcionantes: produzem hormônios em excesso, como o hormônio do crescimento (GH), prolactina (PRL), adrenocorticotrófico (ACTH) ou hormônios gonadotrópicos.
  2. Não Funcionantes: não produzem hormônios em quantidades significativas, mas podem causar sintomas devido à compressão das estruturas adjacentes.

Os adenomas hipofisários são classificados também quanto ao seu tamanho:

  • Microadenomas: com menos de 10 mm.
  • Macroadenomas: com mais de 10 mm.

A prevalência dos adenomas hipofisários é estimada em 1 em cada 1.000 pessoas, e a maioria é diagnosticada entre os 30 e 50 anos de idade.

Fisiopatologia

A fisiopatologia dos tumores hipofisários envolve a desregulação do ciclo celular e a proliferação celular. Os adenomas podem surgir de mutações genéticas que afetam a sinalização celular e os mecanismos que regulam a divisão celular. Pesquisas indicam que alterações em genes como TP53, GNAS e PRKAR1A estão frequentemente associadas a esses tumores.

Além disso, os tumores hipofisários podem interferir na produção hormonal normal da glândula, levando a um desequilíbrio hormonal que pode afetar diversas funções corporais. Por exemplo, um adenoma produtor de prolactina pode resultar em galactorreia e disfunção menstrual, enquanto um adenoma produtor de ACTH pode levar à síndrome de Cushing.

Sintomas

Os sintomas dos tumores hipofisários podem ser classificados em hormonais e não hormonais. Os sintomas não hormonais geralmente decorrem da compressão das estruturas adjacentes, como o nervo óptico, levando a problemas visuais, como a hemianopsia bitemporal. Já os sintomas hormonais variam de acordo com o tipo de adenoma:

  • Adenomas produtores de prolactina: galactorreia, amenorreia e disfunção sexual.
  • Adenomas produtores de hormônio do crescimento: acromegalia em adultos, gigantismo em crianças.
  • Adenomas produtores de ACTH: síndrome de Cushing, que se manifesta com obesidade central, face arredondada e estrias.

Diagnóstico

O diagnóstico dos tumores hipofisários geralmente envolve uma combinação de exames clínicos, laboratoriais e de imagem. O primeiro passo é a avaliação clínica, que inclui uma história médica detalhada e exame físico, focando em sinais de hiperprolactinemia, acromegalia ou síndrome de Cushing.

Os exames laboratoriais são cruciais para medir os níveis hormonais. Por exemplo, a dosagem de prolactina é essencial para diagnosticar adenomas produtores de prolactina, enquanto testes de supressão com dexametasona ajudam a avaliar a produção de ACTH.

A ressonância magnética (RM) da região sellar é o método de imagem padrão-ouro para a visualização de adenomas hipofisários, permitindo a determinação do tamanho e da extensão do tumor.

Tratamento

O tratamento dos tumores hipofisários varia conforme o tipo de adenoma, seu tamanho e a presença de sintomas. As opções de tratamento incluem:

  1. Tratamento Médico: Inclui o uso de medicamentos que inibem a produção hormonal. Por exemplo, agonistas da dopamina como a cabergolina e a bromocriptina são eficazes no tratamento de adenomas produtores de prolactina. Para adenomas produtores de GH, os antagonistas do hormônio do crescimento, como o lanreotida, também podem ser utilizados.

  2. Cirurgia: A ressecção cirúrgica é o tratamento preferido para macroadenomas ou em casos onde há compressão significativa das estruturas adjacentes. A abordagem transesfenoidal é a mais comum, proporcionando acesso direto à glândula pituitária.

  3. Radioterapia: A radioterapia pode ser indicada em casos onde a ressecção cirúrgica não é possível ou quando o tumor recidiva. A radioterapia estereotáxica é uma opção minimamente invasiva que direciona radiação de forma precisa ao tumor.

Implicações e Prognóstico

O prognóstico dos tumores hipofisários varia conforme o tipo e o tratamento. Tumores benignos, como os adenomas, geralmente têm um bom prognóstico, especialmente quando diagnosticados precocemente e tratados adequadamente. No entanto, os pacientes podem necessitar de acompanhamento a longo prazo para monitorar a recidiva ou a ocorrência de novos tumores.

As implicações emocionais e sociais também são significativas, pois os sintomas podem afetar a qualidade de vida. O apoio psicológico e a orientação são fundamentais para ajudar os pacientes a lidarem com o diagnóstico e o tratamento.

Conclusão

Os tumores da glândula pituitária representam uma condição clínica importante, com potencial para causar sintomas significativos e complicações. A compreensão dos mecanismos subjacentes, dos métodos de diagnóstico e das opções de tratamento é fundamental para o manejo eficaz desses tumores. À medida que a pesquisa continua a explorar a biologia molecular e genética dos adenomas hipofisários, espera-se que novas terapias emergentes possam melhorar ainda mais o prognóstico e a qualidade de vida dos pacientes afetados.

Referências

  1. Melmed, S., et al. (2011). “The Pituitary.” Elsevier.
  2. Fahlbusch, R., & Buchfelder, M. (2008). “Surgical treatment of pituitary tumors.” In: Endocrine Surgery.
  3. Colao, A., et al. (2003). “Medical treatment of pituitary tumors.” The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism.

Tabela

Tipo de Adenoma Produção Hormonal Sintomas Comuns
Prolactinoma Prolactina Galactorreia, amenorreia
Adenoma de GH Hormônio do crescimento Acromegalia, gigantismo
Adenoma de ACTH ACTH Síndrome de Cushing
Não Funcionante Não aplicável Sintomas compressivos, problemas visuais

Botão Voltar ao Topo