Doenças do fígado e da vesícula biliar

Sinais da Falha Hepática

FALHA HEPÁTICA: SINAIS, SINTOMAS E ABORDAGEM CLÍNICA

A falha hepática é uma condição grave caracterizada pela incapacidade do fígado de desempenhar suas funções vitais, essenciais para a sobrevivência. Esse órgão desempenha um papel central no metabolismo, na desintoxicação de substâncias nocivas, na produção de proteínas, entre outras funções essenciais. Este artigo explora os sinais e sintomas da falha hepática, seus tipos, causas, métodos de diagnóstico e estratégias de tratamento.


O Papel do Fígado e a Relevância da Função Hepática

O fígado é o maior órgão interno do corpo humano e está localizado no quadrante superior direito do abdômen. Ele realiza várias funções críticas, incluindo:

  1. Metabolismo de Nutrientes: Conversão de carboidratos, proteínas e lipídios em formas utilizáveis pelo corpo.
  2. Produção de Proteínas: Síntese de albumina, fatores de coagulação e outras proteínas essenciais.
  3. Desintoxicação: Metabolização de medicamentos, álcool e remoção de toxinas.
  4. Produção de Bile: Essencial para a digestão e absorção de gorduras.

A falha hepática ocorre quando há um comprometimento grave nessas funções, levando a manifestações clínicas que podem ser fatais se não tratadas adequadamente.


Principais Tipos de Falha Hepática

A falha hepática pode ser classificada em dois tipos principais, dependendo da rapidez com que os sintomas se desenvolvem:

1. Falha Hepática Aguda

  • Caracteriza-se por uma rápida deterioração da função hepática em indivíduos sem doença hepática preexistente.
  • Geralmente ocorre em dias ou semanas.
  • Associada frequentemente à encefalopatia hepática (confusão mental ou coma) e à coagulopatia (alterações na coagulação sanguínea).

2. Falha Hepática Crônica

  • Desenvolve-se ao longo de meses ou anos.
  • Associada a doenças hepáticas crônicas, como cirrose.
  • É geralmente o estágio final de doenças como hepatite crônica, doença hepática alcoólica ou esteatose hepática não alcoólica.

Causas da Falha Hepática

As causas variam conforme o tipo de falha hepática. Algumas das causas mais comuns incluem:

Causa Falha Hepática Aguda Falha Hepática Crônica
Infecções virais Hepatite A, B, E Hepatite B e C
Intoxicações Paracetamol, cogumelos tóxicos Álcool a longo prazo
Doenças metabólicas Doença de Wilson Hemocromatose
Doenças autoimunes Hepatite autoimune Hepatite autoimune crônica
Outros Sepse, síndrome de Reye Esteatose hepática não alcoólica

Sinais e Sintomas da Falha Hepática

Os sinais clínicos da falha hepática podem variar amplamente, dependendo do estágio e da gravidade da condição. A seguir estão descritos os sintomas mais comuns.

1. Sinais Gerais

  • Fadiga extrema e fraqueza.
  • Perda de apetite e peso.
  • Náuseas e vômitos.

2. Manifestações Cutâneas

  • Icterícia: Coloração amarelada da pele e dos olhos devido ao acúmulo de bilirrubina no sangue.
  • Prurido: Coceira intensa causada pelo acúmulo de toxinas.
  • Equimoses e hematomas: Facilidade em desenvolver hematomas devido à disfunção na produção de fatores de coagulação.

3. Alterações Neurológicas

  • Encefalopatia Hepática:
    • Alterações cognitivas como confusão mental.
    • Alterações motoras como tremores e movimentos involuntários.
    • Em casos graves, coma hepático.

4. Sinais Abdominais

  • Ascite: Acúmulo de líquido no abdômen.
  • Hepatomegalia: Aumento do tamanho do fígado (em casos de doenças inflamatórias).
  • Esplenomegalia: Aumento do baço devido à hipertensão portal.

5. Manifestações Sistêmicas

  • Hipoglicemia: Redução dos níveis de glicose no sangue devido à incapacidade do fígado de manter a gliconeogênese.
  • Acidose metabólica: Alteração do equilíbrio ácido-básico do corpo.
  • Coagulopatia: Sangramentos espontâneos ou prolongados devido à deficiência de fatores de coagulação.

Diagnóstico da Falha Hepática

O diagnóstico da falha hepática é baseado em uma combinação de história clínica, exames laboratoriais e exames de imagem.

1. História Clínica

A análise de possíveis fatores de risco, como consumo de álcool, uso de medicamentos hepatotóxicos ou infecções virais, é crucial.

2. Exames Laboratoriais

  • Enzimas hepáticas: ALT, AST, FA e GGT estão frequentemente elevadas.
  • Bilirrubina: Elevada em casos de icterícia.
  • Função sintética do fígado: Avaliação de albumina e tempo de protrombina (INR).
  • Marcadores específicos: Testes de hepatite viral, ferro, cobre e autoanticorpos.

3. Exames de Imagem

  • Ultrassom abdominal: Avaliação de ascite, tumores ou cirrose.
  • Ressonância magnética e tomografia computadorizada: Detecção de alterações estruturais no fígado.

4. Biópsia Hepática

Em casos específicos, a biópsia pode ser necessária para determinar a causa subjacente.


Tratamento da Falha Hepática

O tratamento depende do tipo e da gravidade da falha hepática, bem como da causa subjacente.

1. Suporte Geral

  • Hospitalização em unidade de terapia intensiva (UTI).
  • Monitoramento constante dos sinais vitais e funções metabólicas.

2. Tratamento Específico

  • Falha hepática aguda: Administração de carvão ativado em casos de intoxicação recente; terapia antiviral para hepatite viral.
  • Falha hepática crônica: Controle da doença subjacente, como abstinência alcoólica em casos de doença hepática alcoólica.

3. Terapia de Substituição

  • Plasma fresco congelado: Para correção da coagulopatia.
  • Albumina: Para tratamento de ascite refratária.

4. Transplante Hepático

  • É o tratamento definitivo para casos de falha hepática irreversível.
  • Indicada em casos de insuficiência hepática grave, após avaliação criteriosa.

Prognóstico e Prevenção

O prognóstico da falha hepática depende do diagnóstico precoce e da implementação de um tratamento adequado. A falha hepática aguda, quando tratada rapidamente, pode ser reversível em muitos casos. Contudo, a falha hepática crônica geralmente progride sem intervenção definitiva, como o transplante.

Estratégias de Prevenção

  1. Vacinação: Contra hepatites virais.
  2. Moderação no consumo de álcool.
  3. Uso responsável de medicamentos: Evitar o uso excessivo ou prolongado de medicamentos hepatotóxicos, como o paracetamol.
  4. Controle de doenças metabólicas: Acompanhamento médico regular em casos de condições como diabetes ou obesidade.

A falha hepática é uma condição médica desafiadora que requer uma abordagem interdisciplinar para o diagnóstico, tratamento e manejo a longo prazo. A conscientização sobre os fatores de risco e sintomas é essencial para a detecção precoce e a prevenção de complicações fatais.

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