A psoríase é uma doença inflamatória crônica da pele que pode afetar pessoas de todas as idades, incluindo crianças. Embora seja mais comum em adultos, a psoríase em crianças pode apresentar-se de forma semelhante ou diferente em comparação com os adultos. As manifestações clínicas da psoríase em crianças podem variar amplamente e podem incluir uma série de sintomas cutâneos e não cutâneos.
Em crianças, a psoríase pode manifestar-se de várias formas, sendo as mais comuns:
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Placas de Psoríase: Assim como em adultos, as crianças podem desenvolver placas de pele espessas e vermelhas, com escamas prateadas ou brancas. Essas placas geralmente aparecem nas áreas do corpo onde ocorrem dobras de pele, como cotovelos, joelhos e couro cabeludo. No entanto, as lesões também podem ocorrer em outras partes do corpo.
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Psoríase Inversa: Em crianças, a psoríase inversa é mais comum do que em adultos. Neste tipo de psoríase, as lesões tendem a aparecer em áreas de pele úmida e quente, como a região das fraldas, axilas, virilha e sob os seios.
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Psoríase Gutata: Este tipo é mais comum em crianças e adolescentes. Caracteriza-se por pequenas lesões em forma de gota, geralmente desencadeadas por infecções bacterianas, como a faringite estreptocócica. Essas lesões podem aparecer em grandes quantidades no tronco, braços, pernas e couro cabeludo.
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Psoríase Eritrodérmica: Embora seja rara em crianças, a psoríase eritrodérmica pode ocorrer e é caracterizada por inflamação generalizada da pele, resultando em vermelhidão intensa e descamação em grande parte do corpo. Isso pode ser uma condição grave que requer tratamento médico imediato.
Além das manifestações cutâneas, a psoríase em crianças também pode estar associada a sintomas não cutâneos, como:
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Artrite Psoriásica: Algumas crianças com psoríase podem desenvolver artrite psoriásica, uma condição inflamatória das articulações que pode causar dor, inchaço e rigidez, afetando negativamente a qualidade de vida.
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Impacto Psicossocial: A psoríase pode ter um impacto significativo na qualidade de vida das crianças, especialmente se estiver associada a sintomas visíveis e desconfortáveis. A autoestima pode ser afetada e a criança pode enfrentar desafios emocionais, sociais e psicológicos.
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Coexistência com Outras Condições: A psoríase em crianças também pode estar associada a outras condições de saúde, como obesidade, diabetes tipo 2, hipertensão arterial e doenças cardiovasculares.
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Coceira e Desconforto: A presença de lesões cutâneas pode causar coceira intensa e desconforto, interferindo nas atividades diárias e no sono da criança.
É importante notar que a psoríase em crianças pode ser diagnosticada erroneamente como outras condições de pele, devido às suas características variáveis. Portanto, é fundamental consultar um dermatologista ou pediatra para obter um diagnóstico preciso e desenvolver um plano de tratamento adequado, que pode incluir terapias tópicas, fototerapia, medicamentos orais ou biológicos, dependendo da gravidade e extensão da doença. Além disso, o apoio psicossocial também desempenha um papel crucial no manejo da psoríase em crianças, ajudando a criança e sua família a lidar com os desafios emocionais e sociais associados à doença.
“Mais Informações”
Além das manifestações clínicas e dos impactos psicossociais da psoríase em crianças, é importante compreender alguns aspectos adicionais relacionados à etiologia, ao diagnóstico e ao tratamento da doença nessa faixa etária.
Etiologia:
A psoríase é uma doença multifatorial, influenciada pela interação entre fatores genéticos, imunológicos e ambientais. Embora a causa exata da psoríase ainda não seja totalmente compreendida, sabe-se que crianças com histórico familiar da doença têm maior probabilidade de desenvolvê-la. Fatores desencadeantes, como infecções estreptocócicas, estresse emocional, lesões cutâneas e certos medicamentos, também podem desempenhar um papel na eclosão ou na exacerbação da psoríase em crianças.
Diagnóstico:
O diagnóstico preciso da psoríase em crianças requer uma avaliação clínica cuidadosa, considerando a apresentação das lesões cutâneas, os sintomas associados, o histórico médico e familiar da criança, bem como a exclusão de outras condições de pele semelhantes. O dermatologista ou pediatra pode realizar exames físicos e, em alguns casos, biópsias de pele para confirmar o diagnóstico.
Tratamento:
O tratamento da psoríase em crianças visa controlar os sintomas, reduzir a inflamação e melhorar a qualidade de vida. As opções de tratamento podem incluir:
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Terapias Tópicas: São frequentemente usadas como primeira linha de tratamento e podem incluir cremes, loções, pomadas ou shampoos contendo corticosteroides, análogos de vitamina D, alcatrão, ácido salicílico ou calcineurina inibidores.
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Fototerapia: A exposição controlada à luz ultravioleta natural ou artificial pode ajudar a reduzir a inflamação e as lesões cutâneas. No entanto, a fototerapia requer supervisão médica adequada devido aos riscos potenciais, como queimaduras solares e aumento do risco de câncer de pele a longo prazo.
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Medicamentos Orais: Em casos mais graves ou resistentes, podem ser prescritos medicamentos orais, como retinoides, metotrexato, ciclosporina ou inibidores de fosfodiesterase-4 (aprovados recentemente para uso em crianças com mais de 6 anos).
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Terapia Biológica: Alguns medicamentos biológicos, como os inibidores do TNF-alfa e os inibidores da interleucina-17 e interleucina-23, têm demonstrado eficácia no tratamento da psoríase grave em crianças. Esses medicamentos são administrados por via intravenosa ou subcutânea e geralmente são reservados para casos refratários ou quando outras opções de tratamento falharam.
Gestão Holística:
Além das abordagens médicas, a gestão holística da psoríase em crianças também inclui medidas de autocuidado, como hidratação adequada da pele, uso de protetor solar, evitar gatilhos conhecidos e manter um estilo de vida saudável, incluindo uma dieta equilibrada e atividade física regular. O apoio emocional e psicossocial também é essencial para ajudar a criança a lidar com os desafios associados à doença e promover uma atitude positiva em relação ao tratamento e à vida cotidiana.
Perspectivas:
Embora a psoríase em crianças possa apresentar desafios significativos, muitas crianças respondem bem ao tratamento e conseguem levar uma vida normal e ativa. É importante que os pais e cuidadores estejam bem informados sobre a doença e trabalhem em estreita colaboração com uma equipe médica especializada para desenvolver um plano de tratamento personalizado que atenda às necessidades específicas da criança. A educação contínua, o suporte emocional e o acompanhamento médico regular são fundamentais para garantir o manejo eficaz da psoríase e o bem-estar geral da criança.