Xankandi: Uma Visão Profunda Sobre a História, Cultura e Importância Geopolítica da Região
Introdução
Xankandi, também conhecida como Stepanakert, é a capital de facto da região de Nagorno-Karabakh, uma área de grande relevância política, histórica e cultural, situada no Cáucaso Meridional, na região de fronteira entre a Armênia e o Azerbaijão. A cidade, cuja denominação oficial é Xankandi, desempenha um papel fundamental tanto na narrativa histórica quanto nos conflitos territoriais entre os dois países, Armênia e Azerbaijão, que disputam a soberania sobre Nagorno-Karabakh. Este artigo visa oferecer uma análise abrangente sobre Xankandi, desde suas origens históricas até o contexto geopolítico contemporâneo, explorando sua cultura, a dinâmica política e o impacto das tensões regionais.
História de Xankandi
A história de Xankandi é complexa e marcada por diversas fases de desenvolvimento, sendo influenciada tanto pela geografia quanto pelos eventos políticos e sociais que ocorreram na região ao longo dos séculos. A cidade foi fundada no início do século XIX, em 1820, pelos russos, quando a região do Cáucaso foi integrada ao Império Russo. A fundação de Xankandi fez parte de uma estratégia de urbanização promovida pelo império, que buscava consolidar sua presença na região.
Ao longo do século XX, Xankandi passou por uma série de transformações significativas. Inicialmente, a cidade se destacou por sua composição demográfica mista, com armênios e azerbaijanos convivendo de forma relativamente pacífica. No entanto, a dinâmica política começou a mudar na década de 1920, quando o território de Nagorno-Karabakh foi formalmente incorporado à República Socialista Soviética do Azerbaijão, enquanto a maioria da população local era armênia. Essa transição tornou-se um ponto crucial no desenvolvimento das tensões étnicas na região, culminando no conflito que marcaria o fim do século XX e se estenderia ao século XXI.
O conflito entre armênios e azerbaijanos sobre a região de Nagorno-Karabakh tornou-se um dos mais duradouros e complexos da história moderna. Em 1988, a cidade de Xankandi se tornou um dos focos principais do confronto entre as duas etnias, especialmente durante a dissolução da União Soviética, que intensificou as rivalidades. Após uma série de batalhas sangrentas, a cidade foi ocupada pelas forças armênias em 1992, enquanto a população azerbaijana foi forçada a abandonar a região.
O Papel de Xankandi no Conflito de Nagorno-Karabakh
O conflito de Nagorno-Karabakh, que se intensificou com a independência das repúblicas da ex-União Soviética, é uma questão central para entender o significado geopolítico de Xankandi. A cidade tornou-se não apenas o centro administrativo da região, mas também um símbolo da resistência armênia e da luta pela autodeterminação. Para a Armênia, Xankandi é vista como parte integrante de sua identidade nacional, enquanto para o Azerbaijão, é considerada parte de seu território soberano.
Desde o início dos anos 1990, a região foi marcada por uma série de confrontos militares e acordos de cessar-fogo, mas a situação nunca foi totalmente resolvida. O Acordo de Almaty, em 1994, resultou em um cessar-fogo entre os dois lados, mas sem uma resolução definitiva sobre o status de Nagorno-Karabakh. Xankandi, nesse contexto, tornou-se um ponto focal dos esforços diplomáticos, com a cidade servindo como a sede do governo de Nagorno-Karabakh, além de ser um ponto estratégico para o controle da região.
O impacto do conflito é sentido até os dias atuais. Embora um novo cessar-fogo tenha sido assinado em 2020, a situação continua tensa e volátil. O acordo de 2020, mediado pela Rússia, trouxe consigo uma série de compromissos de desmobilização e cessação de hostilidades, mas não resolveu as questões de fundo, como a soberania e a questão dos refugiados. A cidade de Xankandi, portanto, segue sendo um ponto de disputa crítica entre as forças armênias e azerbaijanas.
Cultura e Sociedade de Xankandi
Apesar das dificuldades políticas e dos conflitos, a cidade de Xankandi mantém uma rica herança cultural e histórica. A população de Xankandi, predominantemente armênia, preserva costumes, tradições e práticas que remontam a séculos de história. A língua armênia é amplamente falada, e a cidade é conhecida por suas igrejas antigas, monastérios e monumentos históricos que representam a profundidade cultural da região.
Entre os principais marcos culturais de Xankandi estão os templos e estruturas arquitetônicas armênias, como a Igreja de São Jorge e o Museu de História de Nagorno-Karabakh, que preserva artefatos e relatos históricos que ajudam a entender a complexidade da região. A cidade também é um centro de atividade cultural, com eventos musicais, festivais e outras manifestações artísticas que celebram a identidade armênia e a herança local.
Além disso, Xankandi possui uma comunidade de artistas, intelectuais e escritores que continuam a influenciar a cultura armênia no contexto mais amplo do Cáucaso. Apesar da adversidade, a cidade tem sido um bastião da preservação da língua e cultura armênia, servindo como uma plataforma de resistência cultural em face das tensões geopolíticas.
Aspectos Geopolíticos e o Futuro de Xankandi
A questão de Xankandi está intimamente ligada ao futuro da região de Nagorno-Karabakh e à dinâmica geopolítica do Cáucaso. A presença da Rússia, que tem sido um mediador crucial nos conflitos entre a Armênia e o Azerbaijão, confere à cidade uma importância estratégica, com Moscovo desempenhando um papel de manutenção da paz na região. Além disso, a Turquia, como aliado estratégico do Azerbaijão, também exerce influência nas negociações, tornando o destino de Xankandi parte de um jogo político complexo que envolve várias potências regionais e globais.
A cidade de Xankandi continua a ser um símbolo de resistência armênia, mas também de tensão entre os dois povos. O futuro da cidade está intrinsecamente ligado à resolução do conflito de Nagorno-Karabakh. Embora o cessar-fogo de 2020 tenha trazido uma paz temporária, o status definitivo de Xankandi e da região permanece incerto. Para a Armênia, a cidade representa uma parte vital de sua identidade nacional e de sua segurança estratégica, enquanto para o Azerbaijão, Xankandi é vista como parte de seu território soberano, e a presença armênia na cidade é considerada uma ocupação ilegal.
Além disso, o papel das organizações internacionais, como a ONU e a OSCE, será fundamental para encontrar uma solução duradoura para o conflito. O caminho para a paz pode envolver a realização de plebiscitos ou negociações entre as partes envolvidas, mas o progresso será desafiador, dada a profundidade das divisões e as questões históricas que cercam a região.
Conclusão
Xankandi é uma cidade cujo significado transcende as fronteiras físicas e geográficas, representando uma interseção de história, cultura e geopolítica. A cidade tem sido um ponto de convergência para as aspirações armênias de autodeterminação, mas também um símbolo da disputa territorial com o Azerbaijão. A sua importância vai além de uma simples cidade ou capital de uma região; ela é um reflexo das tensões e complexidades que definem o conflito de Nagorno-Karabakh e a história do Cáucaso Meridional.
O futuro de Xankandi depende de uma resolução pacífica e justa do conflito, algo que ainda está distante, mas que continua sendo um objetivo crucial para garantir a estabilidade e a paz na região. Para que isso aconteça, será necessário um compromisso genuíno das partes envolvidas, bem como o apoio da comunidade internacional para criar um ambiente onde as disputas possam ser resolvidas por meio do diálogo e da cooperação. A cidade de Xankandi, com sua rica herança cultural e sua posição estratégica, continuará a desempenhar um papel central na definição do futuro de Nagorno-Karabakh e na construção de uma paz duradoura no Cáucaso.

