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Polar: O Retorno do Assassino

“Polar”: Uma Análise Profunda do Filme de Ação e Retorno ao Gênero de Assassinato

“Polar”, lançado em 2019, é um filme de ação e aventura dirigido por Jonas Åkerlund. Com uma classificação TV-MA (para maiores de 17 anos), o filme apresenta uma combinação de elementos clássicos do gênero de assassinos e vingança, mas com uma abordagem contemporânea que inclui sequências viscerais e uma trama que mistura a violência com nuances de emoção humana. Baseado na graphic novel “Polar: Came from the Cold” de Víctor Santos, “Polar” oferece um olhar cinematográfico sobre a vida de um assassino aposentado, cuja paz é interrompida por forças que buscam sua destruição.

A história segue Duncan Vizla, interpretado por Mads Mikkelsen, um assassino profissional que decide se aposentar e aproveitar uma vida tranquila. A narrativa começa mostrando a natureza impiedosa de sua profissão anterior, oferecendo aos espectadores uma visão do peso emocional e físico que acompanha uma vida dedicada ao crime. No entanto, seus planos de aposentadoria são rapidamente frustrados quando seu antigo empregador, a empresa de assassinos conhecida como “The Damocles”, envia uma equipe de jovens e implacáveis assassinos para eliminá-lo, dando início a um jogo mortal.

A Construção do Personagem Principal

Duncan Vizla, interpretado com maestria por Mads Mikkelsen, é um personagem solitário e endurecido pelas experiências de sua vida como assassino. O que é interessante sobre o papel de Mikkelsen em “Polar” é que, apesar de sua natureza impiedosa e suas habilidades excepcionais como matador, ele é mostrado como alguém que anseia por uma vida tranquila, longe da violência que o tornou famoso. A performance de Mikkelsen transmite uma melancolia latente, uma reflexão sobre a natureza de suas escolhas e as consequências de sua profissão. É esse dilema interior que torna o personagem tão interessante: o conflito entre continuar uma vida de assassinatos ou finalmente alcançar a redenção.

A narrativa do filme não apenas se concentra na violência explícita, mas também no dilema moral do personagem principal. Duncan está tentando escapar de uma vida que já não lhe traz satisfação, mas sua antiga empresa e seus próprios demônios internos não lhe permitem fazer isso de maneira simples. A riqueza do personagem é aumentada por sua interação com outras figuras no filme, como a jovem e inexperiente Camille, interpretada por Vanessa Hudgens, que se vê envolvida de maneira inesperada na vida de Duncan. Juntos, eles formam uma relação improvável, que cria um contraste interessante com o ambiente violento ao redor deles.

O Estilo Visual e a Direção de Jonas Åkerlund

Jonas Åkerlund, conhecido por seu trabalho em videoclipes e filmes de ação, traz seu estilo único para “Polar”. A direção é agressiva e estilística, com um uso inteligente de cores vibrantes e sombras dramáticas para criar um clima de tensão constante. A violência no filme é retratada de maneira brutal, mas também com um toque de sofisticação que remete às histórias em quadrinhos nas quais a obra se inspira. A utilização de uma paleta de cores saturadas, com tons fortes de vermelho e azul, acentua a sensação de um mundo imerso em violência, mas também adiciona uma camada de fantasia ao universo do filme.

Além disso, a cinematografia contribui para o ritmo frenético da história. As cenas de ação são rápidas e bem coreografadas, com um estilo visual que lembra os quadrinhos, capturando a essência de uma graphic novel. A intensidade das perseguições e dos combates corpo a corpo é equilibrada com momentos de calmaria, permitindo que o espectador respire, mas sempre com a sensação de que a ação pode estourar a qualquer momento.

A presença do gore e da violência explícita também serve para sublinhar a brutalidade da vida de Duncan, e esses elementos são apresentados com uma estética gráfica que remete à própria arte das graphic novels. O diretor, ao longo do filme, consegue transitar entre esses momentos de ação pura e os mais introspectivos, com um equilíbrio que mantém o espectador imerso na trama sem sobrecarregá-lo com excessos.

A Trilha Sonora e o Clima de Tensão

A trilha sonora de “Polar” é outro elemento crucial que contribui para o clima do filme. Composta por “The Crystal Method”, ela ajuda a intensificar as emoções e a tensão da trama. A música é moderna, com um toque eletrônico que combina perfeitamente com a atmosfera sombria e urbana do filme. As faixas complementam as sequências de ação, tornando-as ainda mais eletricamente carregadas, mas também sabem criar pausas introspectivas, refletindo o estado mental conturbado de Duncan.

A música tem uma função dupla no filme: ela intensifica a adrenalina nas cenas de ação, mas também serve como um contraponto mais suave nas cenas de reflexão, onde Duncan confronta sua vida passada. Esse uso da música para pontuar as diferentes fases do filme ajuda a criar uma narrativa musicalmente coerente, onde o som não apenas acompanha a história, mas a aprimora.

A Violência e os Temas Subjacentes

Em um filme como “Polar”, a violência não é apenas uma característica estilística ou uma maneira de atrair o público. Ela também serve para explorar os temas centrais do filme, como a redenção, a moralidade e as consequências das escolhas. Duncan, ao ser forçado a voltar para o jogo, é confrontado com os fantasmas de seu passado e com os custos que sua vida de assassinatos deixou para trás. O filme não faz apologia à violência, mas a utiliza para destacar o vazio que pode surgir de uma vida de mortes e traições.

Além disso, o filme toca em questões de poder e corrupção. A empresa que comanda os assassinos, representada pela figura do chefe de Duncan, é uma metáfora para a exploração e a ganância no mundo corporativo, onde as vidas humanas são descartadas como peças de xadrez. Isso reflete, de maneira figurativa, a falta de escrúpulos dos líderes empresariais que colocam seus interesses financeiros acima de qualquer coisa, até mesmo da vida humana.

Por outro lado, a relação entre Duncan e Camille oferece um alívio emocional e humano, com a jovem tentando sair de uma vida de dificuldades e se encontrar em meio à violência que a cerca. Essa dinâmica cria uma interessante subtrama no filme, onde a moralidade e a sobrevivência se entrelaçam, e os personagens buscam uma forma de escapar do ciclo destrutivo em que se encontram.

Conclusão

“Polar” não é apenas um filme de ação comum; é uma obra visualmente impactante e com camadas narrativas que vão além da violência superficial. O filme explora a complexidade dos personagens e oferece uma visão fascinante sobre o mundo dos assassinos, abordando temas como redenção, poder, e as consequências de uma vida marcada pela morte. Embora seja, sem dúvida, uma produção marcada pela brutalidade de suas cenas de ação, “Polar” também oferece uma reflexão profunda sobre os custos de viver à margem da sociedade, seja em busca de redenção ou de sobrevivência.

Com uma direção hábil de Jonas Åkerlund, uma performance sólida de Mads Mikkelsen e uma trilha sonora que intensifica a experiência, “Polar” se destaca como uma obra interessante dentro do gênero de filmes de ação, proporcionando tanto adrenalina quanto reflexão. Para os amantes de filmes de ação e para aqueles que procuram mais do que apenas violência em uma narrativa, “Polar” se apresenta como uma produção que vai além das expectativas e se torna uma análise de vidas quebradas em busca de um propósito maior.

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