O Perigo da Shisha: Um Estudo Abrangente
Introdução
Nos últimos anos, o consumo de shisha, também conhecida como narguilé ou hookah, tem se tornado cada vez mais popular entre os jovens em várias partes do mundo. Embora muitas pessoas considerem a shisha uma alternativa menos prejudicial ao cigarro, a realidade é que fumar shisha pode apresentar sérios riscos à saúde. Este artigo examina os perigos associados ao uso de shisha, as consequências para a saúde, a desinformação comum sobre seu uso e estratégias para promover a conscientização sobre os riscos.
O que é Shisha?
A shisha é um dispositivo de fumar que passa o fumo por um corpo de água antes de ser inalado. Tradicionalmente, a shisha é preenchida com tabaco aromatizado, que pode conter uma variedade de sabores, desde frutas até doces. A percepção de que a shisha é mais segura do que os cigarros está enraizada na crença de que a água filtra as toxinas. No entanto, essa ideia é uma concepção errônea que ignora os perigos substanciais do fumo de shisha.
Composição do Fumo de Shisha
O fumo da shisha contém uma combinação de produtos químicos nocivos, muitos dos quais são semelhantes aos encontrados no fumo do cigarro. Entre os compostos prejudiciais estão:
- Nicotina: Um potente agente aditivo que pode levar à dependência.
- Monóxido de carbono: Um gás tóxico que pode causar problemas respiratórios e cardiovasculares.
- Partículas finas: Que podem penetrar profundamente nos pulmões e causar doenças respiratórias.
- Substâncias cancerígenas: Vários agentes químicos que aumentam o risco de câncer, especialmente câncer de pulmão e de boca.
Embora a água possa esfriar o fumo e tornar a inalação mais suave, ela não filtra os produtos químicos tóxicos, resultando em uma exposição significativa a essas substâncias nocivas.
Consequências para a Saúde
As consequências para a saúde associadas ao uso da shisha são alarmantes. Um estudo conduzido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) revelou que fumar shisha por apenas uma sessão de 30 minutos pode resultar na inalação de uma quantidade de fumo equivalente a fumar mais de 100 cigarros. Isso se deve à duração mais longa das sessões de shisha e ao volume de fumaça inalada.
Problemas Respiratórios
Fumar shisha pode levar a uma série de problemas respiratórios. O uso contínuo pode causar doenças pulmonares obstrutivas crônicas (DPOC), que incluem bronquite crônica e enfisema. A irritação das vias respiratórias e a inflamação dos pulmões podem resultar em tosse crônica, falta de ar e produção excessiva de muco.
Doenças Cardiovasculares
Os efeitos do fumo da shisha no sistema cardiovascular são igualmente preocupantes. O monóxido de carbono e outras toxinas presentes no fumo podem levar ao aumento da pressão arterial, à rigidez arterial e a um maior risco de infarto do miocárdio e acidentes vasculares cerebrais (AVCs). Pesquisas sugerem que os usuários regulares de shisha têm um risco significativamente maior de desenvolver doenças cardíacas.
Câncer
O uso da shisha também está associado a um risco elevado de câncer, especialmente câncer de pulmão, boca, esôfago e bexiga. Os compostos cancerígenos presentes no tabaco e na fumaça da shisha contribuem para o desenvolvimento dessas doenças, e o uso de sabores aromatizados pode mascarar o gosto amargo do fumo, encorajando o uso prolongado.
Mitos Comuns sobre a Shisha
Uma série de mitos circula em torno do uso da shisha, contribuindo para a desinformação sobre seus riscos. Alguns dos mais comuns incluem:
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“A água filtra as toxinas”: Como mencionado anteriormente, a água não remove as substâncias nocivas do fumo, apenas resfria a fumaça.
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“A shisha é menos viciante”: A presença de nicotina no tabaco de shisha garante que ele seja altamente viciante, semelhante ao cigarro.
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“Fumar shisha é seguro porque é social”: Muitas pessoas usam a shisha em ambientes sociais, levando à crença de que é uma prática segura. No entanto, o uso social não diminui os riscos à saúde associados à inalação de fumaça.
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“O tabaco aromatizado é inofensivo”: O sabor pode mascarar o gosto do tabaco, mas não diminui os efeitos nocivos do fumo.
População em Risco
O uso de shisha é mais prevalente entre os jovens, especialmente estudantes universitários e adolescentes. A cultura do narguilé é frequentemente associada a festas e socialização, criando um ambiente onde o uso se torna normalizado. Isso é preocupante, pois muitos jovens não estão plenamente cientes dos riscos à saúde associados ao uso de shisha.
Impacto Social e Cultural
A popularidade da shisha pode ser atribuída a fatores sociais e culturais, como a ideia de que fumar shisha é uma atividade de lazer e relaxamento. Muitas vezes, é visto como uma forma de socialização entre amigos. No entanto, essa percepção pode ofuscar os perigos associados à prática e contribuir para uma maior aceitação do uso de tabaco.
Estratégias de Conscientização
Para combater a desinformação e promover uma compreensão adequada dos riscos associados ao uso de shisha, é fundamental implementar estratégias eficazes de conscientização. Algumas abordagens incluem:
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Educação em saúde: Promover campanhas educacionais que abordem os riscos associados à shisha e desmistifiquem os mitos comuns sobre seu uso.
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Programas nas escolas: Incluir a educação sobre os riscos do fumo de shisha no currículo escolar pode ajudar a informar os jovens sobre os perigos do tabaco.
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Legislação: Implementar restrições à publicidade e à venda de produtos de shisha, especialmente para menores de idade, pode reduzir seu uso entre os jovens.
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Suporte a usuários: Oferecer recursos e programas de suporte para aqueles que desejam parar de fumar shisha pode ajudar a reduzir o número de usuários e promover estilos de vida mais saudáveis.
Conclusão
Embora a shisha possa parecer uma alternativa mais segura ao cigarro, os riscos associados ao seu uso são significativos e não devem ser subestimados. A combinação de substâncias químicas nocivas, os riscos à saúde a curto e longo prazo, e a desinformação sobre seu uso contribuem para um panorama preocupante. A conscientização e a educação são essenciais para combater esses problemas e proteger a saúde das gerações futuras. Através de uma abordagem informada e proativa, é possível mitigar os perigos da shisha e promover uma sociedade mais saudável.
Referências
- Organização Mundial da Saúde. (2015). “Waterpipe tobacco smoking: health effects, research needs and recommended actions by regulators.”
- Loffredo, L. C., & de Almeida, R. M. (2017). “Shisha smoking and health effects: an overview.” Revista Brasileira de Epidemiologia.
- World Health Organization. (2018). “Tobacco: Key facts.” Retrieved from WHO website.
- Ghaffari, S., et al. (2020). “Health effects of waterpipe smoking: a systematic review.” Tobacco Control.

