O termo “Fátima da China” é uma expressão usada para se referir à exploradora e mercadora portuguesa, Catarina de Bragança. Catarina de Bragança foi uma figura importante na história portuguesa, especialmente por sua conexão com a expansão marítima e o comércio entre Portugal e a China.
Nascida em 25 de novembro de 1638, Catarina era filha do rei João IV de Portugal e de sua esposa, Luísa de Gusmão. Ela foi educada em um ambiente que valorizava a cultura e as artes, e desde cedo mostrou interesse pelo comércio e pela exploração marítima, influenciada pelo contexto da expansão portuguesa.
A sua importância histórica reside principalmente no seu casamento com o rei Carlos II da Inglaterra, que aconteceu em 1662, quando ela tinha apenas 23 anos. Este casamento foi parte de um acordo diplomático entre Portugal e a Inglaterra, conhecido como Tratado de Windsor, que visava fortalecer as relações entre os dois países e garantir o apoio inglês a Portugal contra a Espanha.
Como parte do dote de Catarina, Portugal cedeu a colônia de Tânger e a cidade de Bombaim aos britânicos. Além disso, Catarina trouxe consigo para a Inglaterra uma série de objetos e costumes portugueses, incluindo o hábito de tomar chá, que se tornaria popular na sociedade inglesa.
No entanto, é importante ressaltar que o título de “Fátima da China” atribuído a Catarina de Bragança não tem origem histórica sólida. Não há evidências concretas de que ela tenha desempenhado um papel direto na abertura do comércio entre a China e Portugal. A sua conexão com a China é mais simbólica, uma vez que o seu casamento com Carlos II ajudou a fortalecer os laços comerciais entre a Inglaterra e a China, através da Companhia Britânica das Índias Orientais.
Após a morte de Carlos II em 1685, Catarina continuou a exercer influência na corte britânica durante o reinado de seu irmão, o rei Jaime II. No entanto, com a Revolução Gloriosa em 1688, ela foi forçada a se exilar na Holanda, onde passou o resto de sua vida.
Catarina de Bragança faleceu em 31 de dezembro de 1705, aos 67 anos de idade, em Bemposta, perto de Lisboa, Portugal. Ela deixou um legado duradouro como uma das primeiras rainhas consorte da Inglaterra a desempenhar um papel significativo na vida política e cultural do país, além de sua contribuição para o fortalecimento das relações entre Portugal e a Inglaterra.
“Mais Informações”
Além do contexto histórico do casamento de Catarina de Bragança com o rei Carlos II da Inglaterra e sua contribuição para o estabelecimento de relações comerciais entre Portugal e a China através do comércio de chá, há outros aspectos interessantes a serem explorados em relação à vida e ao legado dessa figura histórica.
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Influência Cultural e Gastronômica:
A presença de Catarina de Bragança na corte inglesa trouxe consigo não apenas objetos e costumes, mas também influenciou a gastronomia britânica. Além de popularizar o hábito de tomar chá, ela também introduziu o uso de talheres de prata e a prática de comer com garfo, costume que era comum em Portugal, mas ainda não estava tão difundido na Inglaterra. -
Religião e Tolerância:
Como uma princesa católica casada com um rei protestante, Catarina enfrentou desafios em relação à sua religião na corte inglesa, que estava predominantemente ligada à Igreja Anglicana. No entanto, ela manteve sua fé católica de forma discreta e conseguiu promover certa tolerância religiosa, especialmente após a Revolução Gloriosa, quando a Declaração de Tolerância de 1689 concedeu liberdade religiosa aos católicos e dissidentes protestantes na Inglaterra. -
Atividades Filantrópicas:
Catarina de Bragança também se envolveu em atividades filantrópicas durante sua vida na Inglaterra. Ela apoiou várias instituições de caridade e fundou o Hospital Infantil de Londres, conhecido como Foundling Hospital, que prestava assistência a crianças órfãs e desfavorecidas. Seu envolvimento com causas sociais contribuiu para sua imagem positiva entre o povo inglês. -
Legado Arquitetônico:
Além de suas contribuições culturais e sociais, Catarina de Bragança também deixou um legado arquitetônico na Inglaterra. Ela foi responsável por encomendar a construção do Palácio de Kensington, em Londres, que se tornou sua residência principal após a morte de Carlos II. O palácio foi posteriormente expandido e remodelado por outros membros da realeza britânica, tornando-se uma das principais residências reais da atualidade. -
Repercussão Póstuma:
Apesar de ter enfrentado desafios e adversidades durante sua vida, Catarina de Bragança é lembrada de forma positiva na história britânica. Sua influência cultural, sua dedicação às causas sociais e seu papel na promoção do comércio e das relações internacionais deixaram um legado duradouro que ainda é reconhecido e celebrado nos dias de hoje.
Em suma, Catarina de Bragança, conhecida como “Fátima da China”, foi muito mais do que uma simples figura histórica ligada ao casamento real. Sua vida e seu legado abrangem uma ampla gama de áreas, incluindo cultura, religião, filantropia, arquitetura e diplomacia, tornando-a uma das figuras mais interessantes e influentes do seu tempo.