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O Impacto do Colorismo

“Skin”: A Jornada de Beverly Naya Pela Realidade do Colorismo

O documentário “Skin”, dirigido por Daniel Effiong, é uma reflexão profunda sobre as questões de identidade, autoestima e a luta contra o colorismo em diversas culturas, com um foco especial na Nigéria, terra natal da atriz e apresentadora Beverly Naya. Lançado em 2019 e exibido globalmente no Netflix desde 28 de junho de 2020, este filme aborda um tema dolorosamente atual, refletindo sobre as complexas percepções de beleza que moldam a sociedade, com ênfase nas diferenças de tom de pele. Com uma duração de 76 minutos e classificação TV-MA (não recomendado para menores de 17 anos), o filme oferece uma visão honesta e crítica sobre o impacto do colorismo, que muitas vezes é velado, mas profundamente presente nas interações cotidianas.

O Colorismo e a Sociedade

Colorismo é um fenômeno que envolve a discriminação com base na tonalidade da pele, onde pessoas de pele mais escura, frequentemente de origem africana, sofrem preconceito e marginalização em comparação com aquelas de pele mais clara. Esse fenômeno é distinto, mas relacionado ao racismo, e frequentemente se manifesta de maneira insidiosa e cotidiana. O conceito de beleza, especialmente na África, tem sido dominado por padrões ocidentais que valorizam a pele mais clara, o que coloca uma pressão constante nas pessoas de pele mais escura.

O documentário “Skin” examina como o colorismo afeta as percepções de autoestima e identidade em várias culturas, com um foco particular no impacto que isso tem nas mulheres negras. Naya, a atriz principal do filme, utiliza sua própria jornada pessoal como ponto de partida para explorar como o colorismo é enraizado e perpetuado dentro de sua comunidade e em outros contextos internacionais.

A Viagem de Beverly Naya Pela Nigéria

Beverly Naya, uma atriz nigeriana conhecida, começa sua jornada pelo país que a viu crescer e onde as complexidades do colorismo são muito visíveis, mas, frequentemente, ignoradas. Através de uma série de entrevistas e interações com diversas pessoas, incluindo figuras públicas e cidadãos comuns, ela busca compreender as raízes do colorismo na sociedade nigeriana.

A Nigéria, sendo um dos países africanos mais populosos, possui uma sociedade muito diversa, mas com um padrão de beleza muito específico, que frequentemente favorece os tons de pele mais claros. Naya não apenas explora o impacto do colorismo na aparência, mas também nas oportunidades de vida, como empregos e relacionamentos. Durante sua jornada, ela entrevista várias pessoas que compartilham suas experiências pessoais, desde vítimas de discriminação até aqueles que têm uma visão mais rígida sobre o padrão de beleza.

O documentário também explora a indústria da beleza e as práticas que a sustentam, incluindo o uso de clareadores de pele e a pressão que muitas mulheres enfrentam para aderir a esses padrões. Essas práticas são profundamente prejudiciais à saúde, tanto mental quanto física, e são abordadas de forma crítica no filme, proporcionando uma oportunidade de reflexão sobre os danos causados pelo desejo de atender a um ideal de beleza imposto socialmente.

Desafios Pessoais de Beverly Naya

A atriz compartilha sua própria luta com a aceitação de sua pele escura. Naya, como muitas outras mulheres negras, cresceu em um ambiente onde os padrões de beleza predominantes favoreciam a pele clara. Ela relembra as inseguranças de sua juventude, quando sentiu que precisava de uma pele mais clara para ser considerada bonita ou bem-sucedida.

Ao longo do documentário, Naya se encontra com várias pessoas que relatam experiências semelhantes, mas também destaca aqueles que desafiaram essas normas, promovendo a aceitação e o orgulho pela sua tonalidade de pele. A jornada da atriz é marcada por uma busca incessante por autodescoberta e afirmação pessoal, uma jornada que ressoa com muitas mulheres negras ao redor do mundo que também lutam para se reconectar com sua identidade autêntica.

O Impacto Cultural e Global do Colorismo

Embora o colorismo seja um problema profundamente enraizado nas sociedades africanas, ele não é exclusivo da Nigéria. O documentário não se limita a mostrar apenas a realidade nigeriana, mas também traz à tona as conexões com outras partes do mundo, incluindo os Estados Unidos e o Reino Unido. A pressão para se encaixar em um padrão de beleza ocidentalizado é uma realidade global, especialmente para as mulheres negras.

A comparação com o colorismo em outros países africanos e da diáspora também é feita, proporcionando uma compreensão mais profunda de como as normas de beleza se formam, perpetuam e impactam as pessoas. Ao abordar o colorismo de uma perspectiva internacional, “Skin” ajuda a sensibilizar as audiências para a extensão do problema e a urgência de uma mudança cultural.

O Papel da Mídia e da Indústria da Beleza

A mídia, tanto no continente africano quanto globalmente, tem uma grande responsabilidade na perpetuação dos padrões de beleza. O documentário não hesita em criticar a indústria da beleza e os meios de comunicação por frequentemente reforçar ideias de que a pele clara é mais desejável ou, em muitos casos, sinônimo de sucesso.

Em muitos países, as celebridades e figuras públicas que se tornam ícones de beleza, como modelos, atrizes e cantoras, frequentemente possuem pele mais clara. Essas imagens influenciam tanto os jovens quanto os adultos, criando uma pressão imensa para aderir a esse ideal. O documentário faz um trabalho significativo ao expor como essas representações podem afetar negativamente a autoestima das pessoas, especialmente de mulheres que não se veem representadas nesses padrões.

Além disso, a questão do clareamento de pele é abordada de forma direta. Produtos para clareamento de pele são amplamente vendidos e usados, especialmente na Nigéria, onde muitas pessoas buscam alterar suas características físicas para atender a um ideal de beleza amplamente divulgado. A indústria que vende esses produtos é um reflexo do estigma em torno de uma pele mais escura, que é muitas vezes associada a pobreza, ignorância ou falta de beleza.

A Redefinição da Beleza

O documentário “Skin” busca não apenas expor a problemática do colorismo, mas também promover uma nova visão de beleza, onde a diversidade de tons de pele é celebrada. O filme é uma convocação para que as mulheres negras — e todas as pessoas, em geral — repensem o que é beleza, desafiando os padrões limitantes e prejudiciais impostos pela sociedade. Ao longo do filme, há uma mensagem clara de empoderamento e aceitação, que visa restaurar a confiança nas pessoas que foram marginalizadas por causa de sua cor de pele.

A narrativa de Naya é uma verdadeira jornada de transformação pessoal e social, e o documentário faz um trabalho valioso ao destacar as maneiras pelas quais a sociedade pode, e deve, mudar suas percepções de beleza. A mudança começa com a aceitação e o amor próprio, mas também exige um esforço coletivo para questionar as normas prejudiciais e criar uma sociedade mais inclusiva e diversificada.

Conclusão

O documentário “Skin” é uma obra fundamental para entender o impacto do colorismo, não apenas na Nigéria, mas também em outras partes do mundo. Beverly Naya, através de sua jornada pessoal e profissional, nos oferece uma visão profunda e significativa sobre como o colorismo afeta a vida das pessoas, especialmente das mulheres negras. Este é um filme que desafia as normas estabelecidas e abre um espaço para a conversa sobre a necessidade de redefinir a beleza e valorizar todas as tonalidades de pele.

Com uma mensagem poderosa de aceitação, autoestima e a importância da representação, “Skin” se estabelece como um documentário essencial para a conscientização e transformação social.

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