Marcos e monumentos

Maravilhas do Mundo Antigo

As Sete Maravilhas do Mundo Antigo são um conjunto de obras arquitetônicas e artísticas impressionantes, celebradas pela sua grandeza e esplendor na antiguidade. Embora nem todas tenham sobrevivido ao teste do tempo, suas histórias e descrições continuam a fascinar e a inspirar as pessoas até hoje. Vamos explorar cada uma dessas maravilhas, em ordem de reconhecimento histórico:

1. A Grande Pirâmide de Gizé

A única das sete maravilhas que ainda existe, a Grande Pirâmide de Gizé, localizada no Egito, é um testemunho da engenhosidade e habilidade dos antigos egípcios. Construída durante o reinado do faraó Khufu (conhecido também como Quéops), por volta de 2580-2560 a.C., esta pirâmide foi originalmente erguida como um túmulo para o faraó. Composta por cerca de 2,3 milhões de blocos de pedra, cada um pesando entre 2,5 a 15 toneladas, a pirâmide atinge uma altura de aproximadamente 146,6 metros (atualmente 138,8 metros devido à perda de parte de sua cobertura de pedra calcária). Sua construção continua a ser um mistério e uma maravilha de engenharia, levantando questões sobre os métodos utilizados pelos egípcios para mover e montar esses enormes blocos de pedra.

2. Os Jardins Suspensos da Babilônia

Os Jardins Suspensos da Babilônia, cuja existência ainda é debatida entre os historiadores, são frequentemente atribuídos ao rei Nabucodonosor II, que reinou entre 605 e 562 a.C. Segundo a lenda, os jardins foram construídos para agradar sua esposa, Amitis, que sentia falta das montanhas e vegetação de sua terra natal, a Média (atual Irã). Descritos como uma série de terraços ajardinados que se elevavam como uma montanha artificial, os jardins supostamente possuíam um sofisticado sistema de irrigação que permitia que a água do rio Eufrates fosse elevada para irrigar as plantas. Apesar da falta de evidências arqueológicas conclusivas, os Jardins Suspensos continuam a ser uma das maravilhas mais evocativas e poéticas da antiguidade.

3. O Templo de Ártemis em Éfeso

Localizado na cidade de Éfeso (atual Turquia), o Templo de Ártemis, também conhecido como Artemísion, foi uma obra-prima da arquitetura grega antiga. Construído e reconstruído várias vezes, o templo mais famoso foi erguido por volta de 550 a.C. pelos arquitetos Quersifron e Metagenes. Este templo foi dedicado à deusa grega Ártemis e era famoso por sua grandiosidade, com colunas jônicas que chegavam a 18 metros de altura. Infelizmente, o templo foi destruído várias vezes ao longo dos séculos, primeiro por um incêndio provocado por Heróstrato em 356 a.C., e finalmente por uma invasão dos godos em 262 d.C. Restam hoje apenas algumas ruínas e colunas, mas as descrições antigas revelam um monumento de beleza e proporções impressionantes.

4. A Estátua de Zeus em Olímpia

Criada pelo renomado escultor grego Fídias por volta de 435 a.C., a Estátua de Zeus em Olímpia era uma impressionante representação do rei dos deuses gregos, Zeus. Localizada no templo de Zeus na cidade de Olímpia, a estátua foi feita de marfim e ouro, atingindo uma altura de aproximadamente 12 metros. Sentado em um trono elaborado, Zeus era representado com uma coroa de oliveiras e segurando uma estátua de Nike, a deusa da vitória, em uma mão, enquanto na outra segurava um cetro adornado com uma águia. A majestosa estátua era considerada um símbolo de poder e divindade. Infelizmente, a estátua foi destruída durante o século V d.C., provavelmente em um incêndio, e não restaram vestígios dela, a não ser descrições detalhadas e representações artísticas posteriores.

5. O Mausoléu de Halicarnasso

Este magnífico túmulo foi construído entre 353 e 350 a.C. na cidade de Halicarnasso (atual Bodrum, Turquia), em homenagem ao sátrapa Mausolo, governador de Caria, e sua esposa, Artemísia II. Projetado por arquitetos gregos como Sátiro e Pítis, o mausoléu combinava elementos arquitetônicos gregos, egípcios e lícios. A estrutura tinha cerca de 45 metros de altura e era adornada com esculturas de renomados artistas da época, como Escopas, Briáxis, Leocarés e Timóteo. No topo do mausoléu, havia uma grande quadriga (carruagem puxada por quatro cavalos) esculpida, na qual Mausolo e Artemísia eram representados. O mausoléu foi destruído por uma série de terremotos entre os séculos XII e XV, mas suas ruínas ainda podem ser visitadas em Bodrum, e o termo “mausoléu” continua a ser usado para designar grandiosas sepulturas.

6. O Colosso de Rodes

Uma das mais impressionantes estátuas da antiguidade, o Colosso de Rodes, foi erguido na ilha grega de Rodes entre 292 e 280 a.C. pelo escultor Cares de Lindos. A estátua representava o deus do sol Hélio e foi construída para comemorar a defesa bem-sucedida da ilha contra um cerco por Demétrio I Poliórcetes em 305 a.C. Feita de bronze e com uma altura estimada entre 30 e 33 metros, o Colosso de Rodes era uma das maiores estátuas do mundo antigo. A figura monumental ficava na entrada do porto da cidade e era considerada um símbolo de liberdade e resiliência. Infelizmente, a estátua foi destruída por um terremoto em 226 a.C., apenas 54 anos após sua conclusão. Os restos da estátua permaneceram no local por séculos até serem vendidos como sucata pelos invasores árabes no século VII.

7. O Farol de Alexandria

Também conhecido como Pharos de Alexandria, o Farol de Alexandria foi uma obra-prima da engenharia helenística, construída entre 280 e 247 a.C. na ilha de Faros, perto da cidade de Alexandria, no Egito. Projetado por Sóstrato de Cnido, sob o patrocínio de Ptolemeu II Filadelfo, o farol tinha entre 100 e 130 metros de altura, o que o tornava uma das estruturas mais altas do mundo antigo. Era composto por três partes: uma base quadrada, uma seção central octogonal e uma parte superior cilíndrica, onde ficava a fogueira que servia de guia para os navegantes. Durante o dia, o farol também utilizava espelhos de bronze para refletir a luz solar. O Farol de Alexandria foi danificado por vários terremotos ao longo dos séculos, especialmente entre os anos 956 e 1323 d.C., até finalmente desmoronar. Hoje, suas ruínas submersas podem ser encontradas na baía de Alexandria.

Estas Sete Maravilhas do Mundo Antigo não são apenas marcos históricos; elas representam a capacidade humana de criar e imaginar em uma escala monumental. Cada uma delas oferece uma janela para as culturas que as produziram e um lembrete das conquistas incríveis da civilização humana. Embora a maioria tenha sido destruída pelo tempo e por catástrofes naturais, suas histórias e a imaginação que inspiram continuam a viver. Através de relatos históricos, artefatos e estudos arqueológicos, mantemos viva a memória dessas maravilhas que definiram uma era de esplendor e inovação na história da humanidade.

“Mais Informações”

Certamente! Vamos aprofundar ainda mais nas Sete Maravilhas do Mundo Antigo, explorando contextos históricos, arquitetônicos e culturais em maior detalhe.

1. A Grande Pirâmide de Gizé

A construção da Grande Pirâmide de Gizé representa um dos maiores feitos de engenharia do mundo antigo. Situada na necrópole de Gizé, perto do Cairo, essa pirâmide foi projetada pelo arquiteto Hemiunu e levou cerca de 20 anos para ser concluída. Originalmente, a pirâmide era revestida com pedras de calcário branco polido que refletiam a luz solar, tornando-a visível a grandes distâncias. A precisão com que foi construída é notável, com cada lado da base de 230,4 metros de comprimento e a orientação quase perfeita para os pontos cardeais.

Acredita-se que os trabalhadores que construíram a pirâmide não eram escravos, como sugerido por relatos antigos, mas trabalhadores qualificados e bem alimentados, organizados em equipes de construção que competiam entre si. As pirâmides não eram apenas túmulos, mas também centros de culto e poder, simbolizando a ligação do faraó com os deuses.

2. Os Jardins Suspensos da Babilônia

Embora a existência dos Jardins Suspensos seja disputada, eles são frequentemente mencionados em textos antigos como uma maravilha de engenharia e beleza. Descrições históricas, como as de Berossus e Estrabão, sugerem que os jardins consistiam em terraços elevados construídos sobre arcos de pedra, criando uma aparência de colinas verdejantes em meio ao árido ambiente babilônico.

A irrigação dos jardins teria sido um feito notável, utilizando uma forma primitiva de parafuso de Arquimedes para elevar a água do rio Eufrates até os terraços superiores. A beleza dos jardins, repleta de árvores, flores e plantas exóticas, refletia o esplendor da cidade de Babilônia sob o governo de Nabucodonosor II, simbolizando o poder e a riqueza do império babilônico.

3. O Templo de Ártemis em Éfeso

O Templo de Ártemis, uma das maiores e mais gloriosas construções do mundo antigo, foi um centro religioso e cultural significativo. Sua construção foi financiada pelo rei Creso da Lídia, refletindo a devoção à deusa Ártemis, protetora da caça e da natureza. O templo era famoso não apenas pelo seu tamanho, mas também pela sua beleza e pelas obras de arte que abrigava.

Os escavações arqueológicas revelaram fundações que indicam a magnitude da estrutura, com 127 colunas, cada uma medindo 18 metros de altura. A destruição repetida do templo, especialmente pelo incêndio provocado por Heróstrato, que buscava imortalizar seu nome, e depois pelas invasões bárbaras, demonstram os conflitos e mudanças culturais que ocorreram ao longo dos séculos.

4. A Estátua de Zeus em Olímpia

A Estátua de Zeus era não só uma obra de arte, mas também um símbolo religioso central dos Jogos Olímpicos antigos. Fídias, o escultor, criou a estátua em marfim e ouro, uma técnica chamada criselefantina, que era reservada para figuras de grande importância divina. A estátua transmitia a grandeza e a autoridade de Zeus, sentado em um trono decorado com ébano, ouro e pedras preciosas.

O trono era adornado com figuras mitológicas, como as Graças e as Horas, além de animais esculpidos. Os jogos olímpicos, que eram realizados em homenagem a Zeus, tornavam Olímpia um centro de culto e competição, atraindo visitantes de todo o mundo grego. A destruição da estátua, possivelmente durante o incêndio do Palácio de Lauso em Constantinopla, foi uma perda significativa para a arte e a cultura antigas.

5. O Mausoléu de Halicarnasso

O Mausoléu de Halicarnasso é um exemplo brilhante de como diferentes culturas se influenciaram na antiguidade. Mausolo, que governou sob o Império Persa, começou a construção de seu próprio túmulo, que foi concluído por sua esposa e irmã, Artemísia, após sua morte. A estrutura combinava elementos da arquitetura grega, como colunas e esculturas detalhadas, com influências orientais.

O mausoléu era rodeado por uma série de esculturas retratando cenas de batalha, animais e figuras mitológicas, cada uma criada por renomados escultores da época. A quadriga no topo, representando Mausolo e Artemísia, simbolizava o triunfo e a eternidade. A destruição gradual do mausoléu por terremotos, e mais tarde pela reutilização de seus materiais pelos Cavaleiros de São João para a construção do Castelo de Bodrum, é um testemunho das mudanças históricas e culturais na região.

6. O Colosso de Rodes

O Colosso de Rodes é frequentemente comparado à Estátua da Liberdade por sua grandiosidade e significado simbólico. Construído para celebrar a vitória sobre o cerco de Demétrio Poliórcetes, a estátua de Hélio simbolizava a liberdade e a resiliência do povo de Rodes. A construção da estátua envolveu técnicas inovadoras, como o uso de um andaime de terra e a construção segmentada em partes que eram unidas no local.

Os restos do Colosso, após sua queda durante o terremoto, ficaram no local por mais de 800 anos e eram ainda assim admirados por viajantes. A decisão dos rodesianos de não reconstruir a estátua, por medo de uma profecia de que isso traria má sorte, reflete a profunda religiosidade e superstição da época.

7. O Farol de Alexandria

O Farol de Alexandria foi uma das maiores conquistas da engenharia do mundo helenístico, servindo como um marco essencial para a navegação no Mediterrâneo. A torre era composta por três seções: uma base quadrada, uma seção intermediária octogonal e uma parte superior cilíndrica. No topo, uma grande chama ardia continuamente, ajudada por um complexo sistema de espelhos que ampliava a luz.

Além de sua função prática, o farol também simbolizava o poder e o conhecimento de Alexandria, uma cidade conhecida por sua grande biblioteca e como um centro de aprendizado e cultura. O farol resistiu a vários terremotos, mas acabou sendo destruído e suas pedras reutilizadas na construção de uma fortaleza no século XV.

Conclusão

As Sete Maravilhas do Mundo Antigo são marcos de extraordinária realização humana, cada uma refletindo o ápice da habilidade técnica, artística e arquitetônica de suas respectivas culturas. Embora muitas tenham sido destruídas, sua memória perdura através de relatos históricos, descobertas arqueológicas e a contínua fascinação que exercem sobre as gerações subsequentes. Elas nos lembram da capacidade humana de criar obras que desafiam o tempo e continuam a inspirar admiração e respeito em todo o mundo. Essas maravilhas não são apenas monumentos de pedra e metal; são símbolos duradouros da criatividade, ambição e espírito indomável da humanidade.

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