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Kita Kita: Superação e Amizade

Kita Kita: Uma Reflexão Sobre Superação e Relações no Contexto da Cegueira Emocional

O filme Kita Kita, dirigido por Sigrid Andrea Bernardo, é uma obra cinematográfica que une comédia, drama e elementos de cinema internacional, apresentando uma história emocionante e profunda, ambientada no Japão. Lançado em 2017, mas com disponibilidade em plataformas digitais desde 15 de dezembro de 2018, o filme tornou-se um grande sucesso nas bilheteiras filipinas e também conquistou o público internacional. Com uma duração de 84 minutos, Kita Kita é uma história sobre perdas, superações, novos começos e a importância do apoio humano em momentos difíceis.

Enredo e Personagens Principais

O filme gira em torno de Alessandra de Rossi, que interpreta a protagonista, uma guia turística filipina chamada Lea, que perde a visão após testemunhar a infidelidade de seu noivo. A cegueira de Lea é tanto física quanto emocional. Ao ser traída, ela não apenas perde a visão do mundo ao seu redor, mas também da confiança nas pessoas e em si mesma. O drama de sua vida, que se intensifica com a cegueira, revela a profundidade da dor emocional que ela enfrenta.

O filme, então, apresenta Empoy Marquez no papel de Tonyo, um filipino que mora no Japão e que se torna o amigo de Lea. A relação entre os dois personagens é, em muitos aspectos, improvável, mas ao mesmo tempo cheia de nuances e redenção. Tonyo, que é um homem simples e de espírito generoso, tem como objetivo ajudar Lea a superar sua condição emocional e física. Ele se aproxima dela não apenas com a intenção de ajudar, mas também com um carinho que vai se transformando em algo mais complexo ao longo da trama.

A interação entre Lea e Tonyo começa de maneira tímida, com o protagonista masculino se esforçando para quebrar o gelo e proporcionar à personagem de Rossi um pouco de alívio de sua dor. No entanto, a partir desse ponto, o filme se desenvolve para mostrar como uma amizade verdadeira pode ser o primeiro passo para a cura e a reconstrução emocional.

Cegueira Física e Emocional: A Dualidade da Dor

O conceito de cegueira no filme é uma metáfora poderosa que vai além da perda da visão física. Lea perde a visão do mundo em um momento de grande dor, causada pela traição de alguém em quem confiava profundamente. O impacto dessa traição é tão profundo que se manifesta não apenas em uma cegueira física, mas também em um estado emocional de negação e escuridão. Ela se isola do mundo ao seu redor, não apenas devido à perda de sua visão, mas também pela desilusão com o amor e a confiança.

Tonyo, por outro lado, representa a esperança e a redenção. Mesmo sendo alguém simples e muitas vezes desajeitado, ele oferece a Lea a luz de que ela precisa. Sua persistência e carinho vão ajudando a protagonista a começar a ver de uma maneira diferente, a redescobrir o prazer nas coisas simples e a abrir-se para novas possibilidades de vida. A relação entre os dois é uma demonstração de como, muitas vezes, é necessário olhar para além das dificuldades e encontrar na amizade o suporte necessário para a recuperação emocional.

Cultura Japonesa e o Enredo do Filme

Além da história de superação e amizade, Kita Kita também tem como pano de fundo o Japão, o que acrescenta uma camada cultural rica e interessante à narrativa. O cenário japonês não é apenas um cenário exótico, mas também um espaço que reflete os estados emocionais dos personagens. A tranquilidade e serenidade de muitos locais, como o icônico Monte Fuji e as paisagens naturais, contrastam com a turbulência interna dos protagonistas.

Essa fusão entre cultura filipina e japonesa, representada tanto nos personagens quanto nos cenários, ajuda a destacar temas universais como o amor, a traição, a superação e o perdão. O fato de os dois personagens principais serem filipinos no Japão também abre discussões sobre a imigração, o pertencimento e as conexões que se formam quando estamos longe de casa.

Humor e Emoção: O Equilíbrio Perfeito

Um dos grandes méritos do filme é a forma como ele mistura comédia e drama de maneira natural e eficaz. Embora o filme trate de temas pesados, como traição e perda, também há momentos de leveza e humor, principalmente por meio da figura de Tonyo. Sua maneira desajeitada de tentar ajudar Lea, suas interações com outros personagens e sua forma sincera de lidar com a situação trazem uma suavidade necessária para equilibrar o tom emocional do filme.

A comédia no filme nunca se sente forçada. Pelo contrário, ela surge organicamente, contribuindo para a jornada emocional dos personagens, sem desvirtuar a seriedade dos temas abordados. O humor de Kita Kita não é apenas uma válvula de escape para os espectadores, mas uma maneira de suavizar os momentos mais dramáticos e permitir que a história flua com mais naturalidade.

A Química entre os Atores

A atuação de Alessandra de Rossi e Empoy Marquez é outro ponto de destaque no filme. A química entre os dois é palpável e essencial para a credibilidade da história. De Rossi, com sua interpretação contida e introspectiva, consegue transmitir toda a dor e vulnerabilidade de sua personagem, enquanto Marquez, com seu humor e carisma, traz leveza à trama sem perder a profundidade emocional.

A interação entre os dois personagens principais evolui ao longo do filme de forma orgânica, com os atores conseguindo equilibrar momentos de tensão emocional com outros de alívio e conexão. Essa dinâmica é crucial para o sucesso do filme, pois permite que o público se identifique com as emoções de Lea e Tonyo, seja nas cenas mais dramáticas ou nas mais leves.

O Impacto Cultural e Internacional de Kita Kita

  • Kita Kita* é um exemplo de como o cinema filipino consegue atravessar fronteiras culturais e conquistar público em todo o mundo. Embora o filme seja fortemente enraizado na cultura filipina, seus temas universais de perda, superação, amizade e amor tornam-no acessível a uma audiência global. O filme recebeu elogios tanto nas Filipinas quanto em outros países, com muitos destacando a maneira sensível e genuína com que a história foi contada.

O fato de o filme ser ambientado no Japão também traz uma dimensão internacional à narrativa, oferecendo uma visão sobre as experiências dos filipinos que vivem fora de seu país de origem e lidam com questões de identidade, pertencimento e adaptação a uma nova cultura.

Conclusão

Kita Kita é muito mais do que uma simples história de amor ou de superação. É uma reflexão profunda sobre como a dor, muitas vezes, nos deixa cegos para as coisas boas da vida, mas também nos ensina a encontrar a luz na escuridão. A relação entre Lea e Tonyo, a cultura japonesa e a habilidade de mesclar comédia e drama fazem deste filme uma obra-prima contemporânea que toca os corações de quem o assiste. Ao explorar a perda e a recuperação, Kita Kita mostra como a amizade e o amor genuíno podem ser fundamentais na jornada de cura emocional, fazendo com que o público reflita sobre suas próprias relações e sobre o poder da resiliência humana.

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