História dos países

História da Jordânia Antiga

A História da Jordânia Antes dos Hashemitas: Uma Jornada de Civilizações e Transformações

A Jordânia, um país situado no coração do Oriente Médio, tem uma história rica e complexa que remonta a milênios. Antes da ascensão da dinastia Hashemita, que se estabeleceu no início do século XX, a região que hoje compõe o território jordaniano foi um importante cruzamento de civilizações, com uma herança histórica que inclui diversas dinastias e impérios. Este artigo explora as diversas fases da história da Jordânia antes da chegada dos Hashemitas, abordando suas interações com as potências vizinhas, suas contribuições culturais e os eventos significativos que moldaram a identidade do povo jordaniano ao longo do tempo.

As Primeiras Civilizações e o Império Antigo

A história da Jordânia remonta a tempos pré-históricos, com vestígios de ocupação humana que datam do período Paleolítico Superior. Arqueólogos descobriram sítios pré-históricos importantes, como os de Ain Ghazal (próximo a Amã), que datam de cerca de 10.000 a.C. Esses primeiros assentamentos indicam que a região foi um dos primeiros lugares onde as sociedades humanas começaram a desenvolver formas mais complexas de vida, como a agricultura e a construção de aldeias permanentes.

No entanto, a história da Jordânia realmente começa a se formar com o surgimento das primeiras civilizações nas margens do rio Jordão e no deserto da Transjordânia. A antiga região foi habitada por diversos povos ao longo das idades, como os cananeus, que desempenharam um papel crucial no estabelecimento das primeiras cidades e reinos na área. As cidades cananeias de Rabbat Ammon (Amã moderna), Petra e Dumah serviram como centros urbanos de grande importância no Oriente Próximo.

Com a ascensão do Império Egípcio, por volta de 1500 a.C., a Jordânia passou a ser um ponto estratégico no comércio entre o Egito e os povos do norte, como os fenícios e os hebreus. No entanto, durante a maior parte do segundo milênio a.C., a região foi marcada por uma grande variedade de pequenos reinos independentes, que competiam pela influência e pelo controle de rotas comerciais vitais.

A Influência dos Reinos Israelitas e a Conquista de Nabucodonosor

No período bíblico, a Jordânia esteve em constante contato com os antigos reinos de Israel e Judá. A Bíblia descreve a região como parte das terras atribuídas às tribos de Ruben, Gad e Manassés, e a cidade de Ammon se destaca como um importante reino no período do Antigo Testamento. Embora a Jordânia tenha sido muitas vezes uma terra de passagem e conflito, também era uma região de grande valor estratégico para os impérios da época.

A partir do século VIII a.C., a Jordânia foi parcialmente dominada pelos assírios, cujo império controlava grandes porções do Oriente Médio. Mais tarde, no século VII a.C., o império babilônico, sob o comando de Nabucodonosor II, conquistou a região e destruiu vários reinos da Transjordânia. A destruição do reino de Ammon e a subsequente decadência de outros reinos locais marcaram uma era de grande instabilidade na região.

O Império Persa e o Período Helenístico

Após a queda de Babilônia, a Jordânia passou a fazer parte do Império Persa, onde continuou a desempenhar um papel importante na proteção das rotas comerciais que atravessavam a região. O controle persa trouxe uma certa estabilidade à área, mas foi durante o período helenístico que a Jordânia vivenciou um de seus maiores momentos de prosperidade.

Com as conquistas de Alexandre, o Grande, e a subsequente divisão de seu império, a Jordânia passou a ser incorporada ao reino helenístico dos Selêucidas. Nesse período, a cidade de Petra, situada no sul da Jordânia, tornou-se uma das mais importantes cidades do mundo antigo. A influência helenística também resultou na fundação de várias cidades e centros urbanos, como Gerasa (moderna Jerash), que se tornaria um dos maiores centros urbanos do Império Romano posterior.

O Domínio Romano e Bizantino

Após a dissolução do Império Selêucida, a Jordânia foi incorporada ao Império Romano no final do século I a.C. Durante o domínio romano, a região experimentou um grande florescimento econômico e cultural. A Jordânia fez parte da província romana da Arábia Pétrea, com cidades como Petra, Gerasa (Jerash) e Philadelphia (Amã) prosperando sob o domínio romano.

Os romanos deixaram um legado duradouro na Jordânia, com a construção de estradas, teatros, templos e outras infraestruturas que ainda são visíveis nas ruínas de várias cidades jordanianas. A arquitetura romana pode ser vista em Gerasa, que se destaca até hoje por suas colunas imponentes, templos e um teatro romano bem preservado. Além disso, o cristianismo começou a se espalhar pela região durante o domínio romano e, posteriormente, se estabeleceu como a religião dominante durante o período bizantino.

O Império Bizantino, sucessor do Império Romano, continuou a governar a Jordânia até a invasão árabe no século VII. Durante esse período, a Jordânia foi uma das principais regiões do cristianismo oriental, com importantes centros de peregrinação, como Madaba, que mais tarde se tornaria famosa por seus mosaicos bizantinos.

A Era Islâmica: A Conquista Árabe e o Califa Omíada

A chegada do Islã à Jordânia ocorreu no século VII, com as forças árabes sob o comando do califa omíada Mu’awiya ibn Abi Sufyan. A região da Jordânia foi rapidamente incorporada ao império islâmico, e a conquista de cidades como Amã e Petra foi um marco importante para o estabelecimento do domínio árabe. A Jordânia se tornou uma parte integral do califado omíada, que teve sua capital em Damasco, nas proximidades.

O califado omíada fez da Jordânia uma região estratégica e próspera, com a construção de várias mesquitas e a disseminação da língua árabe e da cultura islâmica. Durante este período, a Jordânia se beneficiou da prosperidade econômica, além de se tornar um importante centro de aprendizado e arte.

Com o declínio do califado omíada, a Jordânia passou a ser governada por uma série de dinastias islâmicas, incluindo os abássidas e os fatímidas, até que, no século XI, a região foi invadida pelos turcos seljúcidas. A Jordânia, entretanto, continuou a ser um ponto de ligação entre os diferentes centros do mundo islâmico e, ao longo dos séculos seguintes, passou por diversas mudanças políticas.

Conclusão: A História da Jordânia Antes dos Hashemitas

A Jordânia, antes da ascensão dos Hashemitas, foi palco de muitas transformações históricas, culturais e políticas. De civilizações antigas a impérios dominantes, a região desempenhou um papel importante no desenvolvimento do Oriente Médio. Sua localização estratégica, entre a Ásia, a África e a Europa, tornou-a um ponto de encontro de culturas e religiões, desde os cananeus até os romanos, bizantinos e árabes islâmicos. O legado dessas civilizações continua a ser evidente nas ruínas, sítios arqueológicos e na cultura moderna da Jordânia.

Esses eventos históricos formaram a base da identidade jordaniana e proporcionaram ao país um patrimônio valioso que é preservado até os dias atuais. A Jordânia, como nação independente sob os Hashemitas, tem suas raízes profundas na riqueza cultural e histórica de sua terra, que continua a ser um ponto de referência para as futuras gerações.

Botão Voltar ao Topo