Doenças do fígado e da vesícula biliar

Hepatites B e C: Impactos e Tratamentos

Hepatites Virais B e C: Causas, Diagnóstico, Tratamento e Prevenção

A hepatite viral é uma doença que afeta o fígado, causada por uma infecção do órgão por diferentes tipos de vírus. As hepatites B e C são duas das formas mais comuns de hepatite viral, com implicações significativas para a saúde pública global. Ambas podem levar a complicações graves, como cirrose hepática, câncer de fígado e insuficiência hepática, mas têm diferenças notáveis em relação à transmissão, sintomas, diagnóstico e tratamento.

1. O que são as Hepatites B e C?

As hepatites B e C são infecções virais que afetam o fígado, causando inflamação e danos ao órgão. Embora os dois tipos de hepatite sejam causados por vírus diferentes, apresentam algumas semelhanças, como o fato de ambas as infecções poderem se tornar crônicas e levarem a doenças hepáticas graves. No entanto, existem diferenças fundamentais em relação à forma de infecção, ao risco de cronicidade e ao tratamento disponível.

Hepatite B

A hepatite B é causada pelo vírus da hepatite B (VHB), que pertence à família dos Hepadnavírus. Esse vírus é altamente infeccioso e pode ser transmitido de várias maneiras, incluindo o contato com sangue infectado, relações sexuais desprotegidas e de mãe para filho durante o parto.

O VHB ataca as células do fígado, causando inflamação. Em muitos casos, a infecção aguda por hepatite B pode ser controlada pelo sistema imunológico, resultando na eliminação do vírus. No entanto, em cerca de 5 a 10% dos casos, a infecção se torna crônica, o que pode levar a complicações graves a longo prazo.

Hepatite C

A hepatite C é causada pelo vírus da hepatite C (VHC), que pertence à família Flaviviridae. Ao contrário da hepatite B, a hepatite C é predominantemente transmitida pelo sangue, especialmente através do compartilhamento de agulhas ou equipamentos para injeção de drogas. Também é possível a transmissão por transfusões de sangue não testado ou procedimentos médicos não seguros. Embora o VHC seja menos transmissível por via sexual do que o VHB, a transmissão vertical (de mãe para filho) também pode ocorrer, embora seja menos comum.

O VHC pode levar à infecção crônica em até 75% dos casos, e a maioria dos infectados não apresenta sintomas até que a doença esteja avançada. Isso torna a hepatite C particularmente perigosa, uma vez que muitas pessoas não sabem que estão infectadas até o desenvolvimento de complicações graves.

2. Sintomas e Diagnóstico

Sintomas da Hepatite B e C

Na fase aguda, tanto a hepatite B quanto a hepatite C podem não apresentar sintomas evidentes, ou apenas sintomas leves, como cansaço, febre baixa, dor abdominal e icterícia (coloração amarelada da pele e olhos). Em muitos casos, essas infecções podem ser assintomáticas, o que significa que a pessoa pode carregar o vírus sem saber e transmitir a infecção a outros.

Quando presentes, os sintomas das hepatites B e C incluem:

  • Cansaço extremo
  • Náuseas e vômitos
  • Dor nas articulações
  • Perda de apetite
  • Coloração amarelada da pele e olhos (icterícia)
  • Urina escura
  • Fezes claras

No entanto, como mencionado, muitos casos de hepatite C são assintomáticos por muitos anos, o que aumenta o risco de complicações não detectadas.

Diagnóstico

O diagnóstico precoce de hepatites B e C é fundamental para o tratamento e controle da doença. O diagnóstico é feito por meio de testes laboratoriais que detectam a presença do vírus ou dos anticorpos produzidos pelo corpo em resposta à infecção.

  • Hepatite B: O diagnóstico é realizado por meio de exames de sangue que detectam a presença do antígeno de superfície do VHB (HBsAg), além de outros marcadores, como anticorpos IgM (indicando infecção aguda) e anticorpos IgG (indicando infecção crônica ou imunidade).

  • Hepatite C: O diagnóstico envolve a detecção de anticorpos contra o VHC (anti-VHC) no sangue. Se o teste for positivo, um exame de carga viral (detecção do RNA do VHC) é realizado para confirmar a infecção ativa e determinar a quantidade de vírus presente no organismo. Também pode ser necessário realizar um exame para avaliar o grau de danos ao fígado, como a biópsia hepática ou exames de imagem.

3. Tratamento

Tratamento da Hepatite B

O tratamento da hepatite B depende do estágio da infecção. Para a infecção aguda, o tratamento muitas vezes não é necessário, uma vez que o sistema imunológico consegue eliminar o vírus. No entanto, para casos crônicos, o tratamento é fundamental para prevenir complicações graves. O tratamento pode envolver:

  • Antivirais: Medicamentos como lamivudina, tenofovir e entecavir são usados para reduzir a carga viral e controlar a replicação do VHB.
  • Imunoglobulina: Para recém-nascidos de mães infectadas, a administração de imunoglobulina pode ajudar a prevenir a infecção.

A hepatite B crônica pode ser controlada com tratamento contínuo para evitar o avanço da doença, mas não há cura definitiva para a infecção, e os pacientes necessitam de acompanhamento médico regular.

Tratamento da Hepatite C

Ao contrário da hepatite B, a hepatite C possui tratamentos antivirais mais eficazes e modernos. A introdução dos medicamentos antivirais de ação direta (DAAs) revolucionou o tratamento da hepatite C, permitindo a cura em muitos casos. O tratamento normalmente dura entre 8 a 12 semanas e é altamente eficaz, com taxas de cura superiores a 95% nos pacientes que completam o tratamento.

Os DAAs bloqueiam a replicação do vírus e impedem sua propagação, permitindo que o fígado se recupere. Os tratamentos comuns incluem medicamentos como sofosbuvir, ledipasvir, glecaprevir e pibrentasvir, que podem ser usados sozinhos ou em combinação, dependendo do genótipo do vírus e das condições do paciente.

4. Prevenção

Prevenção da Hepatite B

A hepatite B é altamente prevenível por meio da vacinação. A vacina contra a hepatite B é segura e eficaz, sendo administrada em três doses. A vacinação é amplamente recomendada para todas as pessoas, especialmente para os grupos de risco, como profissionais de saúde, usuários de drogas injetáveis e pessoas com múltiplos parceiros sexuais.

Além da vacina, a prevenção da hepatite B também envolve:

  • Uso de preservativos durante as relações sexuais
  • Evitar o compartilhamento de objetos cortantes ou agulhas
  • Evitar o contato com sangue infectado

Prevenção da Hepatite C

Atualmente, não há vacina para a hepatite C, mas a prevenção é possível por meio da redução do risco de exposição ao sangue contaminado. As principais medidas preventivas incluem:

  • Não compartilhar agulhas ou equipamentos para injeção de drogas
  • Garantir que todos os equipamentos médicos, como agulhas e seringas, sejam esterilizados corretamente
  • Usar preservativos durante relações sexuais, especialmente se houver risco de contato com sangue
  • Realizar testes de triagem em bancos de sangue e em doadores de órgãos para prevenir a transmissão

5. Impacto na Saúde Pública

As hepatites B e C representam desafios significativos para a saúde pública em todo o mundo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de 296 milhões de pessoas estão vivendo com hepatite B crônica e 58 milhões com hepatite C. Ambas as infecções causam milhões de mortes a cada ano devido a complicações como cirrose e câncer hepático.

As políticas de prevenção, diagnóstico precoce e tratamento eficaz são essenciais para reduzir o impacto dessas doenças. Embora o tratamento da hepatite C tenha avançado significativamente, com a introdução dos DAAs, ainda existem desafios em relação à disseminação da infecção e ao acesso ao tratamento em muitos países de baixa e média renda.

Conclusão

A hepatite B e a hepatite C são doenças virais com impactos significativos na saúde pública, mas ambas podem ser prevenidas, diagnosticadas precocemente e tratadas eficazmente com os recursos médicos disponíveis. A conscientização sobre as formas de transmissão e as medidas de prevenção, bem como o acesso ao tratamento adequado, são fundamentais para reduzir a carga dessas doenças no mundo. Continuar investindo em pesquisa, educação em saúde e políticas públicas de acesso universal ao tratamento são passos essenciais para erradicar a hepatite e prevenir suas complicações mais graves.

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