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Filadélfia: A História de Amã

A História da Capital Jordana: Do Passado ao Presente

A história da Jordânia é rica e repleta de transformações que refletem sua posição estratégica no Oriente Médio, sendo uma terra de encontro entre várias culturas e impérios ao longo dos séculos. A capital da Jordânia, Amã, hoje uma cidade moderna e vibrante, tem uma história fascinante que remonta a tempos antigos. No entanto, antes de ser conhecida por este nome, a cidade já possuía um outro nome, com uma significativa relevância histórica. Este artigo tem como objetivo explorar as origens e a evolução da cidade de Amã, destacando sua história anterior e sua transformação até a atual capital do Reino Hachemita da Jordânia.

1. O Nome Antigo da Capital Jordana: Filadélfia

A capital da Jordânia, Amã, era conhecida na antiguidade como Filadélfia. O nome “Filadélfia” tem uma origem helenística, derivado do grego “Philia” (que significa “amor”) e “Delphos” (que se refere à cidade de Delfos, na Grécia). O nome simboliza o “amor fraternal”, uma homenagem ao rei Ptolemeu II Filadelfo do Egito, que governou de 283 a 246 a.C. Esse rei foi um dos principais patrocinadores da cidade durante o período helenístico, quando o Império Ptolemaico se expandia para além do Egito, abrangendo parte da região do Levante, incluindo a área onde hoje se encontra a Jordânia.

Filadélfia, durante os períodos helenístico e romano, foi uma cidade próspera, inserida na região conhecida como Decápolis. A Decápolis era uma aliança de dez cidades que possuíam características urbanas e políticas comuns, e que se estendiam por várias áreas do atual Oriente Médio. Filadélfia, assim como outras cidades da Decápolis, experimentou um florescimento cultural e econômico significativo. Sob domínio romano, a cidade continuou a se expandir e prosperar, tornando-se um centro de comércio e cultura.

2. Filadélfia Sob o Domínio Romano

A presença romana em Filadélfia foi marcante e a cidade continuou a florescer durante o período de domínio do Império Romano, especialmente após 106 d.C., quando a região foi incorporada à província romana da Arábia Petraea. Durante esse período, Filadélfia foi fortemente influenciada pela arquitetura e cultura romanas. Estruturas públicas, como teatros, templos e ruas pavimentadas, foram construídas, e a cidade passou a ser um importante centro administrativo e econômico.

O traçado urbano de Filadélfia, caracterizado por suas amplas avenidas e prédios públicos, continuou a ser uma referência até os tempos modernos. A cidade teve também uma importância estratégica devido à sua localização geográfica, próxima ao rio Jordão, o que a tornava um ponto de passagem crucial entre a Palestina e a Síria.

3. A Transição de Filadélfia para Amã

Com a queda do Império Romano e a ascensão do Império Bizantino, Filadélfia passou a ser parte do novo império oriental. Durante este período, a cidade continuou a desempenhar um papel importante na região, embora as mudanças no panorama político e social da área tivessem um impacto significativo em sua estrutura.

Com o advento da conquista islâmica no século VII, a cidade, como muitas outras na região, passou a fazer parte do Califado Omíada. Os Omíadas, que governaram grandes partes do Oriente Médio, incluíam a Jordânia como parte do vasto império islâmico. No entanto, mesmo sob o domínio islâmico, a cidade de Filadélfia manteve seu nome até o início do período medieval, quando passou a ser conhecida de forma mais informal como “Amã”, em referência ao nome tradicional árabe que se utilizava para se referir à região.

4. O Desenvolvimento da Cidade de Amã no Período Islâmico

Durante a Idade Média, Amã, como era conhecida a cidade após a adaptação do nome Filadélfia, permaneceu uma cidade com importância regional, mas não mais um grande centro urbano ou político. Durante os períodos de domínio de diferentes dinastias islâmicas, como os Abbásidas, Fatímidas e Ayyúbidas, Amã sofreu um certo declínio, principalmente devido às mudanças nas rotas comerciais e ao impacto das invasões mongóis no século XIII.

Ainda assim, Amã continuou sendo uma pequena cidade de importância regional, com sua população composta principalmente por árabes beduínos e outras tribos da região. A cidade permaneceu relativamente isolada do restante da Jordânia, que, em grande parte, era dominada por outras cidades e fortalezas de maior importância, como Petra e Ajloun.

5. A Restauração de Amã como Capital: O Período Moderno

O verdadeiro renascimento de Amã como capital da Jordânia se deu no início do século XX, com a chegada dos Hachemitas e a formação do Reino da Jordânia. Após a Primeira Guerra Mundial e o colapso do Império Otomano, a região foi colocada sob mandato britânico, com a criação do Emirado da Transjordânia em 1921. Durante este período, o então príncipe Abdullah I, da dinastia Hachemita, decidiu transformar Amã em capital do novo Emirado, devido à sua localização estratégica e importância simbólica.

Amã, em 1921, era uma cidade pequena, com apenas cerca de 20.000 habitantes, mas foi escolhida por sua proximidade com áreas importantes da Jordânia e pela sua posição como um ponto de encontro para diversas tribos árabes da região. Durante os anos seguintes, Amã passou por um rápido processo de urbanização e expansão, com a construção de novas infraestruturas e edifícios que refletiam a crescente importância política e econômica da cidade.

6. Amã no Século XXI: Uma Capital Globalizada e Multicultural

Hoje, Amã é uma metrópole moderna e dinâmica, que desempenha um papel importante não só como a capital política e administrativa da Jordânia, mas também como um centro econômico e cultural. Com uma população que ultrapassa os 4 milhões de habitantes, Amã se destaca pela sua capacidade de integrar tradições árabes e islâmicas com as influências ocidentais contemporâneas, criando um ambiente único de convivência multicultural.

A cidade tem experimentado um crescimento urbano significativo, com novos bairros, arranha-céus e complexos comerciais que surgem ao lado de antigos mercados e locais históricos. Amã é também uma cidade universitária, abrigando várias instituições de ensino superior que atraem estudantes não apenas da Jordânia, mas também de outros países árabes e de além-mar. Isso faz da cidade um centro de aprendizado e troca cultural na região.

7. Conclusão: Amã, Filadélfia e o Legado da História

A transformação de Filadélfia para Amã é um reflexo das muitas camadas históricas que compõem a identidade da Jordânia e de sua capital. Desde suas origens helenísticas até a sua ascensão como centro moderno e global, a cidade de Amã exemplifica a capacidade de adaptação e resiliência ao longo dos séculos. Embora o nome “Filadélfia” tenha caído em desuso, o legado de sua rica história permanece presente nas ruínas antigas, nas influências arquitetônicas e na própria cultura da cidade.

Ao olhar para o futuro, Amã continua a ser uma das cidades mais importantes do Oriente Médio, e seu papel como capital da Jordânia só tende a crescer à medida que o país enfrenta os desafios e oportunidades do século XXI. O nome “Filadélfia” pode ter sido esquecido, mas a cidade que um dia o carregou continua a se reinventar, mantendo-se fiel às suas raízes históricas enquanto abraça as mudanças do mundo moderno.

Tabela: Comparação de Filadélfia e Amã ao Longo dos Séculos

Período Nome da Cidade Características Principais Influência Cultural Governante/Império
Período Helenístico Filadélfia Fundada por Ptolemeu II, florescimento comercial e cultural Grega e Helenística Império Ptolemaico
Período Romano Filadélfia Cidade importante na Decápolis, arquitetura romana e comércio florescente Romana, arquitetura monumental Império Romano
Período Bizantino Filadélfia/Amã Declínio com o Império Bizantino, mas ainda um centro regional Bizantina Império Bizantino
Período Islâmico Amã Adaptada à cultura islâmica, pequenas fortificações, tribos beduínas dominantes Islâmica Califado Omíada
Século XX-XXI Amã Crescimento urbano e modernização, capital do Reino Hachemita Árabe, Ocidental Reino Hachemita da Jordânia

Este artigo reflete como a história da capital da Jordânia, de Filadélfia a Amã, é um testemunho de continuidade e transformação, simbolizando a resistência e a adaptação da cidade aos desafios de cada época.

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