A febre, caracterizada pelo aumento da temperatura corporal, é uma das respostas fisiológicas mais comuns do corpo humano a diversos estímulos, como infecções, inflamações, condições ambientais extremas e até reações a medicamentos. Esse aumento da temperatura é mediado pelo sistema nervoso central, especificamente pelo hipotálamo, que ajusta o ponto de regulação da temperatura do corpo em resposta a fatores externos ou internos. Embora a febre seja frequentemente vista como um sinal de alerta, nem sempre ela é motivo de grande preocupação. Contudo, a sua intensidade e a presença de outros sintomas associados podem indicar a necessidade de avaliação médica.
Neste artigo, discutiremos as causas, sintomas, diagnóstico e tratamento da febre em adultos, abordando suas implicações para a saúde e como é possível monitorá-la de maneira eficaz.
Causas da febre em adultos
A febre pode ser desencadeada por uma série de fatores. As causas podem ser divididas em primárias e secundárias:
1. Infecções
As infecções são a causa mais comum de febre, podendo ser de origem viral, bacteriana, fúngica ou parasitária. Alguns dos exemplos mais comuns incluem:
- Infecções virais: como a gripe (influenza), resfriados comuns, COVID-19, hepatite, entre outras.
- Infecções bacterianas: como pneumonia, meningite, infecção urinária, infecção de pele, entre outras.
- Infecções fúngicas e parasitárias: em casos mais raros, como no caso de malária, infecções por fungos como a candidíase ou doenças parasitárias.
2. Doenças autoimunes
Em doenças autoimunes, o sistema imunológico do corpo ataca erroneamente seus próprios tecidos. Algumas dessas condições podem desencadear episódios de febre, como:
- Lúpus eritematoso sistêmico
- Artrite reumatoide
- Doença inflamatória intestinal (como doença de Crohn e colite ulcerativa)
3. Cânceres
Certos tipos de câncer, como linfoma, leucemia e outros tipos de tumores, podem resultar em febre como um dos sintomas iniciais da doença, especialmente quando há disseminação do câncer para outros órgãos.
4. Distúrbios hormonais
Problemas no funcionamento da tireoide, como hipertireoidismo, podem levar a um aumento da temperatura corporal. Da mesma forma, desequilíbrios no metabolismo de hormônios relacionados à temperatura, como o cortisol, também podem desencadear febre.
5. Reações a medicamentos
Alguns medicamentos podem induzir febre como um efeito colateral. A febre medicamentosa é uma reação adversa que ocorre quando o corpo responde a substâncias presentes em fármacos. Entre os medicamentos mais comuns que podem desencadear febre estão:
- Antibióticos (como penicilina)
- Drogas antiepilépticas
- Agentes quimioterápicos
- Drogas imunossupressoras
6. Exposição ao calor extremo
Em ambientes quentes, a exposição prolongada ao calor pode levar a um aumento da temperatura corporal, resultando em um quadro de hipertermia, uma condição distinta da febre. A insolação é uma forma grave de hipertermia, que pode ocorrer em adultos em situações de desidratação e calor excessivo.
7. Outras condições médicas
Outras condições médicas também podem estar associadas à febre, como doenças cardíacas, insuficiência renal e distúrbios do fígado, entre outras.
Mecanismo da febre
A febre é controlada pelo hipotálamo, uma região do cérebro que regula a temperatura do corpo. Quando o organismo é invadido por patógenos, o sistema imunológico responde produzindo substâncias químicas chamadas pirógenos. Esses pirógenos podem ser de origem exógena (produzidos por vírus ou bactérias) ou endógena (produzidos pelo próprio corpo em resposta à infecção ou inflamação).
Os pirógenos atuam no hipotálamo, fazendo com que ele aumente o ponto de controle da temperatura corporal. Como resposta, o corpo tenta atingir essa temperatura mais alta através de mecanismos como tremores, contração dos vasos sanguíneos da pele e aumento da taxa de metabolismo. O aumento da temperatura é uma tentativa do corpo de criar um ambiente desfavorável para os microorganismos invasores e de melhorar a eficiência do sistema imunológico.
Sintomas associados à febre
Além da elevação da temperatura, a febre em adultos pode ser acompanhada de uma série de sintomas que variam de acordo com a sua causa. Alguns dos sintomas mais comuns incluem:
- Calafrios: sensação de frio intenso com tremores no corpo, comum no início de um episódio febril.
- Suor excessivo: especialmente durante a fase de resfriamento, quando o corpo tenta normalizar a temperatura.
- Dor de cabeça: frequentemente associada à febre devido à dilatação dos vasos sanguíneos no cérebro.
- Fadiga: sensação de cansaço extremo, frequentemente resultante do esforço do corpo para combater a infecção.
- Dor muscular e nas articulações: também comum em casos de infecções virais como a gripe.
- Perda de apetite: uma resposta comum à febre e ao processo inflamatório no organismo.
Além disso, a febre pode ser um sinal de que o sistema imunológico está combatendo uma infecção. Em alguns casos, pode ocorrer febre alta, superior a 39°C, que pode ser um sinal de que a infecção é grave ou que o corpo está tendo dificuldades para controlá-la.
Diagnóstico da febre em adultos
O diagnóstico de febre em adultos geralmente começa com uma história clínica detalhada, onde o médico irá perguntar sobre o início, a duração e os sintomas associados à febre. Além disso, um exame físico será realizado para identificar sinais de infecção ou outras condições médicas.
Exames laboratoriais podem ser necessários para determinar a causa exata da febre. Alguns dos exames mais comuns incluem:
- Exames de sangue: hemograma completo, testes de função hepática e renal, teste de PCR (proteína C-reativa) para indicar processos inflamatórios, e cultura de sangue ou urina para identificar infecções bacterianas.
- Exames de imagem: como raios-X ou tomografias, caso o médico suspeite de infecção pulmonar ou outras condições que podem causar febre.
- Exames específicos: dependendo da suspeita clínica, o médico pode solicitar exames mais direcionados, como testes de HIV, hepatite ou mesmo biópsias em casos de suspeita de câncer.
Tratamento da febre
O tratamento da febre depende de sua causa subjacente. Em muitos casos, a febre é autolimitada e não requer tratamento específico, especialmente quando causada por infecções virais simples, como um resfriado. No entanto, quando a febre é mais grave ou está associada a complicações, pode ser necessário um tratamento médico.
1. Medicações para controle da febre
Os medicamentos antipiréticos, como o paracetamol (acetaminofeno) e o ibuprofeno, são comumente usados para reduzir a febre e aliviar o desconforto. Esses medicamentos ajudam a reduzir a temperatura, mas não tratam a causa subjacente da febre. No caso de febres altas ou persistentes, a administração desses medicamentos pode ser importante para evitar danos aos órgãos e tecidos do corpo.
2. Tratamento da causa subjacente
Se a febre for causada por uma infecção bacteriana, por exemplo, o médico pode prescrever antibióticos. Para infecções virais, o tratamento pode ser sintomático, com a administração de antivirais ou medicamentos que aliviem os sintomas.
3. Hidratação e repouso
Em todos os casos, a hidratação adequada e o repouso são fundamentais. A febre pode levar à desidratação, especialmente em adultos idosos ou em pessoas com doenças crônicas, tornando crucial o consumo de líquidos em quantidade suficiente.
4. Monitoramento da febre
Em adultos, a febre é geralmente controlável com a devida atenção. No entanto, se ela persistir por mais de 48 horas, se a temperatura for muito alta (acima de 40°C), ou se estiver associada a sinais graves como dificuldades respiratórias, dor no peito, confusão mental ou convulsões, é importante procurar atendimento médico imediatamente.
Conclusão
A febre é uma resposta natural e muitas vezes útil do corpo a infecções e outras condições médicas. Embora na maioria dos casos a febre seja autolimitada e resolva-se sem complicações, é importante monitorá-la com atenção, principalmente em adultos que possam ter comorbidades ou outras condições que aumentem o risco de complicações.
O tratamento da febre deve ser direcionado pela causa subjacente, com o objetivo de controlar a temperatura, aliviar os sintomas e tratar qualquer condição que possa estar causando o aumento da temperatura corporal. O acompanhamento médico é fundamental para garantir que a febre não seja um sinal de uma condição mais grave e para oferecer o tratamento adequado de acordo com as necessidades de cada paciente.

