O livro “Cânone”, escrito pelo aclamado autor norte-americano Harold Bloom, é uma obra monumental que aborda o conceito de cânone literário e examina criticamente uma seleção de obras que o autor considera essenciais para a compreensão e apreciação da literatura ocidental. Publicado em 1994, o livro é uma profunda exploração do que constitui o cânone literário, ou seja, a lista de obras consideradas as mais importantes e influentes em uma determinada tradição literária.
Bloom, um renomado crítico literário e professor de inglês na Universidade de Yale, argumenta que o cânone é uma construção humana, sujeita a mudanças e contestações, mas que ainda assim desempenha um papel crucial na definição da identidade cultural de uma sociedade. Ele defende a ideia de que certas obras alcançaram uma posição de destaque no cânone devido à sua excepcionalidade estilística, originalidade temática e impacto duradouro na literatura e na sociedade.

Ao longo do livro, Bloom examina uma ampla gama de autores e obras, desde os clássicos da Grécia Antiga até os escritores contemporâneos, passando pela literatura inglesa, americana, francesa, russa e outras tradições literárias importantes. Ele oferece análises profundas e perspicazes de autores como William Shakespeare, Miguel de Cervantes, Dante Alighieri, Jane Austen, Emily Dickinson, Walt Whitman, entre muitos outros.
Uma das contribuições mais significativas de “Cânone” é a teoria do “anjo crítico” de Bloom, na qual ele argumenta que a verdadeira função do crítico literário é agir como um anjo guardião, protegendo e defendendo as grandes obras da literatura contra os ataques da mediocridade e da irrelevância. Segundo Bloom, o crítico literário deve ser um defensor apaixonado das obras que considera dignas de admiração, resistindo às tentativas de diminuir sua importância ou marginalizá-las em favor de novas modas ou tendências literárias.
No entanto, “Cânone” também recebeu críticas significativas de alguns acadêmicos e críticos literários, que argumentam que a abordagem de Bloom é excessivamente elitista e tendenciosa em favor de autores e obras do cânone tradicional, em detrimento de vozes marginalizadas e sub-representadas na literatura. Além disso, alguns críticos questionam a própria ideia de cânone literário, argumentando que ela reflete uma visão hierárquica e exclusivista da literatura que pode perpetuar preconceitos e desigualdades sociais.
Apesar das controvérsias e críticas, “Cânone” continua sendo uma obra influente e amplamente estudada no campo da crítica literária, provocando debates e reflexões sobre o papel e a natureza do cânone na cultura contemporânea. Através de sua prosa erudita e apaixonada, Harold Bloom nos convida a reconsiderar o valor e a importância das grandes obras da literatura ocidental e a reconhecer sua capacidade única de nos conectar com as profundezas da experiência humana.
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O livro “Cânone”, do renomado crítico literário Harold Bloom, é uma obra que transcende as fronteiras do tempo e do espaço, oferecendo uma profunda exploração do universo da literatura ocidental. Bloom, conhecido por sua erudição e paixão pela palavra escrita, mergulha nas profundezas do cânone literário, destacando obras e autores que moldaram e continuam a influenciar a trajetória da literatura.
Em “Cânone”, Bloom defende a ideia de que o cânone não é uma entidade estática, mas sim um conjunto dinâmico de obras que são constantemente reavaliadas e reinterpretadas ao longo do tempo. Ele argumenta que, embora o cânone possa ser contestado e revisado, certas obras mantêm uma posição de destaque devido à sua singularidade estilística, profundidade temática e impacto cultural duradouro.
O livro é dividido em várias seções, cada uma dedicada a uma época, movimento literário ou autor específico. Por exemplo, Bloom oferece extensas análises de autores clássicos como Shakespeare, Dante e Cervantes, além de explorar o legado de figuras modernas como Virginia Woolf, Franz Kafka e Jorge Luis Borges. Ele examina não apenas a obra em si, mas também o contexto histórico e cultural que a cercava, fornecendo insights valiosos sobre a evolução da literatura ao longo dos séculos.
Uma das características distintivas de “Cânone” é a teoria do “anjo crítico” de Bloom, na qual ele enxerga o crítico literário como um guardião das grandes obras da literatura, protegendo-as contra o esquecimento e a negligência. Bloom argumenta que o crítico deve resistir às tendências passageiras e às pressões do mercado editorial, defendendo a integridade e a importância das obras que ele considera verdadeiramente significativas.
No entanto, o livro também suscitou críticas consideráveis, especialmente em relação à sua abordagem elitista e eurocêntrica. Alguns acadêmicos argumentam que o cânone literário, tal como concebido por Bloom, reflete preconceitos culturais e sociais, marginalizando vozes não brancas, femininas e LGBTQ+. Além disso, há questionamentos sobre a validade do próprio conceito de cânone, visto por muitos como uma construção arbitrária e excludente.
Apesar das controvérsias, “Cânone” continua a ser uma leitura indispensável para estudantes, acadêmicos e amantes da literatura que buscam compreender as raízes e os desdobramentos da tradição literária ocidental. Através de sua prosa eloquente e seu vasto conhecimento, Harold Bloom nos convida a mergulhar nas obras que moldaram a nossa visão de mundo e a refletir sobre o papel essencial que a literatura desempenha na formação da identidade cultural e intelectual da humanidade.