O conceito de “terceiro mundo” surgiu no contexto da Guerra Fria para classificar os países que não estavam alinhados nem com o bloco capitalista liderado pelos Estados Unidos, nem com o bloco socialista liderado pela União Soviética. Com o tempo, a expressão evoluiu para se referir a países com níveis baixos de desenvolvimento econômico e social, frequentemente marcados por altas taxas de pobreza e instabilidade política. No entanto, o termo tem sido criticado e desatualizado, sendo substituído por termos mais precisos como “países em desenvolvimento” ou “economias emergentes”.
O conceito de “terceiro mundo” tem raízes históricas profundas, ligadas ao colonialismo e à descolonização. Durante o período colonial, muitas nações foram subjugadas e suas economias exploradas, resultando em estruturas sociais e econômicas instáveis que persistem até hoje. Após a Segunda Guerra Mundial, a descolonização trouxe à tona novos países independentes, muitos dos quais lutaram para estabelecer economias estáveis e sistemas políticos funcionais. Este contexto ajudou a moldar a maneira como os países eram classificados e percebidos globalmente.
A definição moderna de países em desenvolvimento leva em conta diversos indicadores, incluindo o Produto Interno Bruto (PIB) per capita, índices de pobreza, taxas de alfabetização e acesso a serviços básicos, como saúde e educação. Segundo dados recentes de instituições como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI), muitos países que eram anteriormente classificados como “terceiro mundo” têm mostrado avanços significativos em várias dessas áreas. No entanto, a situação é extremamente variável, e alguns países continuam a enfrentar desafios significativos que dificultam seu desenvolvimento.
É importante destacar que a classificação de países como “em desenvolvimento” não é estática e pode mudar com o tempo. Por exemplo, na Ásia, nações como a China e a Índia têm experimentado um crescimento econômico impressionante e são frequentemente classificadas como economias emergentes devido ao seu rápido desenvolvimento industrial e tecnológico. No entanto, mesmo esses países enfrentam desafios em termos de desigualdade econômica e social.
Na África, muitos países continuam a lutar contra altos níveis de pobreza e instabilidade política. As nações africanas, em geral, enfrentam desafios como a falta de infraestrutura, problemas de governança e conflitos regionais, que dificultam seu progresso. No entanto, também há exemplos de progresso e desenvolvimento em vários países africanos, como Ruanda e Etiópia, que têm registrado melhorias em seus indicadores sociais e econômicos.
Na América Latina, a situação também é diversa. Alguns países, como o Brasil e a Argentina, possuem economias relativamente grandes e têm enfrentado períodos de crescimento e crise. Outros, como Honduras e Nicaragua, enfrentam dificuldades significativas relacionadas à pobreza e à instabilidade política. A região tem uma história complexa de desenvolvimento, marcada por períodos de crescimento econômico, crises políticas e desigualdades sociais.
A terminologia atual e os critérios para classificar países em termos de desenvolvimento evoluíram significativamente ao longo das últimas décadas. As abordagens contemporâneas frequentemente se concentram em indicadores mais amplos e detalhados, como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que considera fatores como expectativa de vida, educação e renda para avaliar o desenvolvimento de um país. Este índice fornece uma visão mais abrangente do bem-estar e da qualidade de vida, indo além das simples métricas econômicas.
Além disso, a discussão sobre desenvolvimento global tem evoluído para incluir questões de sustentabilidade e equidade. O conceito de desenvolvimento sustentável, introduzido com a Declaração de Brundtland em 1987 e amplamente discutido na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas, enfatiza a necessidade de um desenvolvimento que atenda às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações de atenderem às suas próprias necessidades. Isso inclui questões ambientais, sociais e econômicas, refletindo uma visão mais holística do progresso global.
As instituições internacionais, como a ONU, o Banco Mundial e o FMI, desempenham papéis cruciais na formulação e na implementação de políticas destinadas a promover o desenvolvimento em países em situação vulnerável. Programas de ajuda internacional, investimentos em infraestrutura e projetos de desenvolvimento sustentável são apenas algumas das estratégias utilizadas para apoiar esses países na superação dos desafios que enfrentam.
É importante também reconhecer a diversidade de experiências e realidades dentro de qualquer categoria de desenvolvimento. Cada país tem seu próprio contexto histórico, cultural e social que influencia seu caminho de desenvolvimento. Além disso, o sucesso de um país em superar desafios de desenvolvimento frequentemente envolve uma combinação de políticas eficazes, investimento em capital humano e recursos naturais, e a capacidade de construir instituições fortes e resilientes.
A discussão sobre o número de países classificados como “terceiro mundo” ou “em desenvolvimento” é complexa e está em constante mudança. O número exato de países que se enquadram em qualquer uma dessas categorias pode variar dependendo dos critérios utilizados e das fontes consultadas. No entanto, o importante é reconhecer que, independentemente da classificação, a maioria dos países em desenvolvimento enfrenta desafios significativos e está empenhada em alcançar um progresso sustentável e inclusivo.
O conceito de “terceiro mundo” é, portanto, um reflexo das realidades históricas e contemporâneas dos países e deve ser abordado com uma compreensão das complexidades e nuances envolvidas. À medida que o mundo continua a evoluir, a forma como entendemos e classificamos o desenvolvimento global também deve se adaptar, reconhecendo a diversidade e as múltiplas dimensões do progresso humano e econômico.

