Terminologia médica

Causas do Amarelamento dos Olhos

O Que Causa o Amarelamento dos Olhos: Causas, Diagnóstico e Tratamento

O amarelamento dos olhos, conhecido como icterícia, é uma condição que causa uma coloração amarelada na parte branca dos olhos (esclera), podendo ser um sintoma de diversas doenças subjacentes. Este fenômeno ocorre devido ao acúmulo excessivo de bilirrubina, uma substância produzida pela quebra da hemoglobina dos glóbulos vermelhos, no sangue e nos tecidos do corpo, incluindo os olhos. A bilirrubina é normalmente processada pelo fígado e eliminada do corpo, mas quando esse processo é interrompido, os níveis dessa substância aumentam, resultando no amarelamento das mucosas.

Embora o amarelamento da esclera dos olhos seja frequentemente associado a condições hepáticas, ele pode ser causado por uma série de outros fatores, que vão desde distúrbios sanguíneos até infecções graves. Este artigo explorará as principais causas do amarelamento dos olhos, a forma como elas afetam o corpo, e as opções de diagnóstico e tratamento disponíveis.

Causas do Amarelamento dos Olhos

1. Doenças Hepáticas

O fígado desempenha um papel crucial na metabolização da bilirrubina. Quando o fígado está danificado ou não funciona adequadamente, ele não consegue processar a bilirrubina de forma eficiente, resultando em um acúmulo dessa substância no sangue. As condições hepáticas que mais frequentemente causam icterícia incluem:

  • Hepatite: Inflamação do fígado causada por vírus (como os tipos A, B ou C), álcool, drogas ou doenças autoimunes. A hepatite pode prejudicar a função hepática, levando ao acúmulo de bilirrubina.

  • Cirrose: Uma doença crônica que envolve a substituição do tecido hepático saudável por tecido cicatricial, prejudicando a capacidade do fígado de processar a bilirrubina.

  • Câncer de fígado: Tumores no fígado podem obstruir os ductos biliares ou prejudicar a capacidade do fígado de metabolizar substâncias, resultando em icterícia.

  • Síndrome de Gilbert: Uma condição genética relativamente comum e geralmente benigna, onde o fígado não processa a bilirrubina de forma eficiente, mas sem causar danos significativos ao órgão.

2. Obstrução dos Dutos Biliares

A bile é produzida pelo fígado e armazenada na vesícula biliar. Ela é necessária para a digestão de gorduras. Se os ductos biliares — os canais que transportam a bile do fígado para o intestino — ficarem bloqueados, a bilirrubina não consegue ser excretada e acaba se acumulando no sangue. As causas comuns de obstrução biliar incluem:

  • Cálculos biliares: Pedras na vesícula biliar podem bloquear os ductos biliares, impedindo o fluxo da bile.

  • Tumores: Tumores no pâncreas ou fígado podem comprimir os ductos biliares, levando ao acúmulo de bile.

  • Colangite esclerosante primária: Uma doença inflamatória crônica dos ductos biliares que pode levar à cicatrização e obstrução.

3. Distúrbios Hematológicos

Distúrbios que afetam a destruição dos glóbulos vermelhos também podem causar icterícia, uma vez que a bilirrubina é um subproduto da quebra da hemoglobina. Alguns desses distúrbios incluem:

  • Anemia hemolítica: Nessa condição, os glóbulos vermelhos são destruídos de maneira excessiva ou prematura, liberando grandes quantidades de hemoglobina que se convertem em bilirrubina.

  • Esferocitose hereditária: Um distúrbio genético que provoca a formação de glóbulos vermelhos anormais, propensos à destruição rápida, o que pode levar à icterícia.

4. Infecções

Algumas infecções graves podem afetar o fígado e a produção de bilirrubina. A hepatite viral é um exemplo, mas outras infecções, como a malária, também podem levar ao aumento da destruição de glóbulos vermelhos, resultando em icterícia.

5. Uso de Medicamentos

Certos medicamentos podem afetar a função hepática ou induzir a destruição excessiva de glóbulos vermelhos, resultando em icterícia. Alguns exemplos de medicamentos que podem causar icterícia incluem:

  • Antibióticos, como a rifampicina
  • Analgésicos, como o paracetamol (quando usado em doses excessivas)
  • Medicamentos antifúngicos, como o cetoconazol
6. Síndrome de Crigler-Najjar

Esta é uma condição rara e hereditária, onde o fígado é incapaz de processar a bilirrubina adequadamente. Existem dois tipos de síndrome de Crigler-Najjar, sendo o tipo 1 mais grave. O defeito genético impede que a bilirrubina seja conjugada (transformada) no fígado, resultando em acúmulo dessa substância no sangue e nos tecidos, incluindo os olhos.

Diagnóstico do Amarelamento dos Olhos

Quando alguém apresenta amarelamento nos olhos, é fundamental consultar um médico para uma avaliação clínica detalhada. O diagnóstico geralmente segue um processo estruturado, que pode incluir:

  1. Histórico Médico e Exame Físico: O médico irá realizar um exame físico para avaliar o grau de icterícia e investigar outros sintomas relacionados. Também fará perguntas sobre o histórico médico, uso de medicamentos e exposição a doenças.

  2. Exames de Sangue:

    • Bilirrubina total e frações: O nível de bilirrubina no sangue é uma indicação direta do grau de icterícia. Os testes podem identificar se o problema está relacionado ao fígado, à destruição de glóbulos vermelhos ou à obstrução biliar.
    • Função hepática: Testes como as transaminases (ALT, AST) ajudam a determinar se há inflamação ou dano hepático.
    • Exame de hemograma: Pode revelar se há anemia hemolítica ou outras condições sanguíneas que contribuem para a icterícia.
  3. Ultrassonografia Abdominal: Um exame de imagem para verificar o fígado, vesícula biliar e ductos biliares, a fim de detectar bloqueios ou anormalidades no sistema biliar.

  4. Tomografia Computadorizada (TC) ou Ressonância Magnética (RM): Em casos mais complexos, esses exames podem ser necessários para examinar com mais precisão o fígado e as estruturas adjacentes.

  5. Biópsia Hepática: Em casos em que há suspeita de uma doença hepática crônica ou de um tumor, uma biópsia hepática pode ser realizada para confirmar o diagnóstico.

Tratamento do Amarelamento dos Olhos

O tratamento do amarelamento dos olhos depende da causa subjacente da icterícia. As principais abordagens terapêuticas incluem:

  1. Tratamento da Condição Subjacente:

    • Doenças hepáticas: O tratamento pode envolver medicamentos antivirais para hepatite viral, uso de anti-inflamatórios para hepatite autoimune, ou transplante de fígado em casos de cirrose avançada.
    • Obstrução biliar: Se a obstrução for causada por cálculos biliares, a remoção da vesícula biliar (colecistectomia) ou procedimentos endoscópicos para desobstruir os ductos podem ser necessários.
    • Distúrbios hematológicos: Tratamentos para anemia hemolítica podem incluir a administração de medicamentos imunossupressores, transfusões de sangue ou, em casos graves, remoção do baço (esplenectomia).
  2. Mudanças no Estilo de Vida: Em alguns casos, como na síndrome de Gilbert ou na cirrose inicial, mudanças na dieta e no estilo de vida, como evitar o consumo excessivo de álcool e manter um peso saudável, podem ajudar a melhorar a função hepática.

  3. Tratamento de Suporte: Para condições que não podem ser completamente curadas, como na síndrome de Crigler-Najjar, o tratamento de suporte pode incluir terapias como a fototerapia para reduzir os níveis de bilirrubina no sangue, especialmente em recém-nascidos.

Conclusão

O amarelamento dos olhos é um sinal clínico importante que não deve ser ignorado. Ele pode indicar desde uma condição benigna e temporária, até doenças graves que exigem intervenção médica urgente. A detecção precoce da causa subjacente da icterícia é fundamental para um tratamento eficaz e para prevenir complicações a longo prazo, especialmente em condições hepáticas e distúrbios hematológicos. Caso o amarelamento dos olhos seja notado, é imprescindível procurar orientação médica para uma avaliação adequada e, se necessário, iniciar o tratamento o quanto antes.

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