A sensação de vertigem ou tontura é uma condição que muitas pessoas experimentam em algum momento de suas vidas. A vertigem contínua ou crônica pode ser debilitante, afetando a qualidade de vida e dificultando a realização de atividades diárias. Para compreender e tratar a vertigem persistente, é necessário explorar suas causas, sintomas associados e as várias abordagens terapêuticas disponíveis.
Compreendendo a Vertigem
A vertigem é, na verdade, um sintoma e não uma doença por si só. É frequentemente descrita como a sensação de que o ambiente ao redor está girando ou movendo-se, apesar de a pessoa estar imóvel. A vertigem pode estar associada a desequilíbrios, instabilidade ou até a sensação de flutuação. É importante diferenciar a vertigem de outras formas de tontura, como a sensação de desmaio iminente ou desequilíbrio sem a percepção de movimento.
Causas da Vertigem
As causas da vertigem podem ser variadas e geralmente estão relacionadas a problemas no sistema vestibular, que é responsável pelo equilíbrio e coordenação do corpo. Algumas das causas mais comuns incluem:
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Vertigem Posicional Paroxística Benigna (VPPB): Esta é uma das causas mais comuns de vertigem. Ocorre quando pequenos cristais de carbonato de cálcio (otólitos) se deslocam para o canal semicircular do ouvido interno, interferindo no fluxo normal do fluido que ajuda a manter o equilíbrio.
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Doença de Ménière: Esta condição crônica do ouvido interno é caracterizada por episódios de vertigem intensa, perda auditiva, zumbido (tinnitus) e uma sensação de pressão no ouvido. A causa exata da doença de Ménière é desconhecida, mas acredita-se que esteja relacionada ao acúmulo anormal de fluido no ouvido interno.
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Neurite Vestibular: É uma inflamação do nervo vestibular, que conecta o ouvido interno ao cérebro. Esta condição pode causar vertigem intensa que pode durar dias ou semanas.
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Labirintite: Similar à neurite vestibular, a labirintite envolve inflamação no ouvido interno, mas pode também incluir perda auditiva. Pode ser causada por infecções virais ou bacterianas.
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Enxaqueca Vestibular: Pessoas que sofrem de enxaqueca podem experimentar vertigem como um sintoma, com ou sem dor de cabeça. A vertigem associada à enxaqueca pode durar de minutos a horas.
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Problemas de Circulação Sanguínea: Comprometimento na circulação sanguínea, especialmente para o cérebro, pode causar vertigem. Isso pode ocorrer devido a condições como aterosclerose, hipertensão arterial, ou até mesmo em consequência de acidentes vasculares cerebrais (AVC).
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Medicamentos: Certos medicamentos, como antibióticos aminoglicosídeos, diuréticos, e alguns sedativos ou tranquilizantes, podem ter a vertigem como efeito colateral.
Diagnóstico da Vertigem
Diagnosticar a causa subjacente da vertigem contínua é crucial para determinar o tratamento adequado. O diagnóstico geralmente envolve uma combinação de história clínica, exame físico e exames específicos. O médico pode realizar testes como:
- Manobra de Dix-Hallpike: Usado para diagnosticar a VPPB. A manobra provoca a vertigem e o nistagmo (movimento involuntário dos olhos) característico da condição.
- Teste de Impulso Cefálico: Avalia o reflexo vestibulo-ocular, que ajuda a manter o olhar estável durante o movimento da cabeça.
- Audiometria: Exame de audição que pode ajudar a identificar problemas no ouvido interno.
- Ressonância Magnética (RM): Pode ser solicitada para excluir lesões no cérebro ou no ouvido interno.
Tratamento da Vertigem
O tratamento da vertigem contínua depende da causa subjacente. A abordagem terapêutica pode incluir:
1. Reabilitação Vestibular
A reabilitação vestibular é uma forma de fisioterapia especialmente projetada para pessoas com vertigem crônica. O objetivo é ajudar a treinar o sistema nervoso central para compensar as falhas do sistema vestibular. Os exercícios incluem:
- Exercícios de Equilíbrio: Focados em melhorar a estabilidade e a postura durante a movimentação.
- Exercícios de Coordenação dos Olhos: Visam reduzir o nistagmo e melhorar a fixação visual.
- Exercícios de Habitação: Repetir movimentos que provocam a vertigem para ajudar o cérebro a se acostumar e eventualmente diminuir a resposta vertiginosa.
2. Manobras de Reposicionamento
Para a VPPB, a terapia mais eficaz é a manobra de reposicionamento de partículas, como a manobra de Epley. Este procedimento simples envolve movimentos da cabeça para deslocar os cristais do canal semicircular de volta à posição normal no ouvido interno.
3. Medicação
Embora o tratamento farmacológico não cure a vertigem, ele pode ajudar a aliviar os sintomas, especialmente nos casos agudos. Alguns medicamentos comumente utilizados incluem:
- Antihistamínicos: Como a meclizina, para reduzir a sensação de vertigem.
- Benzodiazepinas: Como o diazepam, para reduzir a ansiedade associada à vertigem.
- Diuréticos: Usados na Doença de Ménière para reduzir o acúmulo de fluido no ouvido interno.
- Antieméticos: Como a proclorperazina, para controlar náuseas e vômitos.
4. Mudanças no Estilo de Vida
Adotar certas mudanças no estilo de vida pode ajudar a controlar e prevenir episódios de vertigem:
- Dieta com Baixo Teor de Sódio: Especialmente útil para pacientes com Doença de Ménière, pois pode ajudar a reduzir a retenção de líquidos.
- Hidratação Adequada: Manter-se bem hidratado é essencial para evitar vertigens associadas à desidratação.
- Evitar Estímulos: Evitar movimentos bruscos da cabeça, mudanças rápidas de posição ou exposição a luzes brilhantes e ruídos altos pode ajudar a prevenir episódios de vertigem.
5. Cirurgia
Em casos graves ou quando os tratamentos conservadores falham, a cirurgia pode ser considerada. Opções cirúrgicas incluem:
- Descompressão do Saco Endolinfático: Para Doença de Ménière, visando reduzir o acúmulo de fluido.
- Neurectomia Vestibular: Procedimento que envolve cortar o nervo vestibular, eliminando a vertigem, mas preservando a audição.
- Labirintectomia: Procedimento mais radical que envolve a remoção do labirinto do ouvido interno, utilizado em casos extremos de perda auditiva profunda.
Prevenção da Vertigem
Prevenir a vertigem pode ser desafiador, especialmente se for causada por uma condição crônica ou genética. No entanto, algumas estratégias podem ajudar a minimizar os riscos:
- Gerenciamento do Estresse: O estresse pode piorar os sintomas da vertigem, por isso, técnicas de relaxamento, como meditação e ioga, podem ser benéficas.
- Evitar Álcool e Cafeína: Essas substâncias podem afetar o equilíbrio e o sistema vestibular, agravando a vertigem.
- Manter um Estilo de Vida Ativo: Exercícios regulares podem ajudar a melhorar o equilíbrio e a saúde geral, reduzindo o risco de vertigem.
- Consulta Médica Regular: Acompanhamento com um profissional de saúde para monitorar condições subjacentes que possam causar vertigem.
Considerações Finais
A vertigem contínua é uma condição complexa que pode resultar de uma ampla gama de causas. O tratamento eficaz depende de um diagnóstico preciso e de uma abordagem terapêutica personalizada. Embora a vertigem possa ser um sintoma perturbador e debilitante, há várias opções de tratamento que podem ajudar a aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente. Manter-se informado e seguir um plano de tratamento adequado pode fazer uma diferença significativa na gestão dessa condição.

