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A Perfeição nas Relações

Good on Paper: Uma Análise Profunda de um Filme que Explora o Perigo da Perfeição nas Relações

Lançado em 2021, Good on Paper é uma comédia romântica que transcende o clichê das histórias de amor perfeitas, trazendo à tona a complexidade das relações humanas e a busca incessante pela “pessoa ideal”. Dirigido por Kimmy Gatewood e estrelado por Iliza Shlesinger, Ryan Hansen, Margaret Cho, e um elenco de talentos emergentes como Rebecca Rittenhouse e Matt McGorry, o filme faz uma análise irônica e crítica sobre a perfeição que todos almejamos, mas que, muitas vezes, não está presente na realidade. Com uma duração de 94 minutos e uma classificação de TV-MA, o filme não apenas oferece momentos de comédia e romance, mas também provoca reflexão sobre o que realmente significa ser “perfeito” para outra pessoa.

Enredo e Temática

O enredo de Good on Paper gira em torno de Andrea, interpretada por Iliza Shlesinger, uma comediante stand-up que, após anos de dedicação à sua carreira, se vê diante de uma situação inédita. Andrea conhece Dennis (Ryan Hansen), um homem que parece encarnar todas as qualidades que ela sempre sonhou em um parceiro: inteligente, bem-sucedido, gentil e charmoso. À primeira vista, Dennis é a personificação de um “príncipe encantado”, mas conforme a trama se desenrola, começa a ficar claro que há algo de errado com esse relacionamento aparentemente perfeito.

Dennis não é exatamente o que ele diz ser. Ele revela-se um personagem misterioso e cheio de segredos, e, ao longo do filme, Andrea se vê confrontada com a ideia de que talvez as qualidades que ela tanto buscava não sejam tão importantes quanto imaginava. A história não se limita a um simples drama romântico, mas também oferece uma crítica sutil à superficialidade com que muitas vezes avaliamos os outros, especialmente quando se trata de relacionamentos amorosos. A trama investiga o perigo de se prender a uma versão idealizada de alguém, algo comum em tempos de redes sociais e perfeição editada, onde as pessoas frequentemente se apresentam de maneira filtrada e, muitas vezes, falsa.

O Elenco e Suas Performances

O elenco de Good on Paper desempenha um papel crucial na construção de uma narrativa envolvente e multifacetada. Iliza Shlesinger, com seu estilo único de comédia e timing impecável, entrega uma performance genuína como Andrea, equilibrando momentos de humor com cenas de vulnerabilidade emocional. Sua habilidade de transitar entre o cômico e o dramático é uma das grandes forças do filme.

Ryan Hansen, como Dennis, faz um excelente trabalho ao interpretar o charme superficial que conquista Andrea, ao mesmo tempo em que revela gradualmente as falhas e inconsistências do seu personagem. Sua química com Shlesinger é palpável e ajuda a sustentar o drama da história, enquanto a comédia surge das situações que o casal vive e dos mal-entendidos que vão surgindo ao longo do relacionamento.

A presença de figuras como Margaret Cho, Rebecca Rittenhouse e Matt McGorry no elenco adiciona uma camada extra de profundidade ao filme, com performances secundárias que enriquecem o desenvolvimento da trama e fornecem momentos de leveza, sem perder a crítica social subjacente.

A Direção de Kimmy Gatewood

Kimmy Gatewood, conhecida por seu trabalho em diversas produções televisivas, como em episódios de séries populares, traz sua experiência e sensibilidade para a direção de Good on Paper. A escolha de Gatewood para comandar esse projeto é acertada, pois ela consegue equilibrar elementos de comédia e drama de forma que a narrativa não caia em exageros, mas sim se mantenha realista e identificável.

Ela conduz a história de forma eficiente, sabendo quando aplicar a comédia mais leve e quando explorar os aspectos mais profundos das relações humanas. Gatewood também oferece uma abordagem visual simples, mas eficaz, destacando a interação entre os personagens e permitindo que o foco esteja sempre no desenvolvimento das relações e nos temas centrais do filme.

Reflexões sobre a Perfeição nas Relações

Uma das questões mais intrigantes que Good on Paper levanta é a ideia da perfeição. Vivemos em uma sociedade que constantemente nos bombardeia com padrões inalcançáveis de beleza, sucesso e comportamento, seja por meio das mídias sociais, publicidade ou até mesmo pela pressão cultural. O filme usa a relação entre Andrea e Dennis para questionar esses padrões e mostrar que, muitas vezes, as expectativas idealizadas que colocamos em nossos parceiros podem ser não apenas irreais, mas também prejudiciais.

Andrea, no começo, vê Dennis como a personificação de seus desejos e sonhos. Ele possui um currículo impressionante, uma personalidade encantadora e, aparentemente, todos os traços que ela sempre procurou em um homem. No entanto, à medida que ela vai conhecendo melhor Dennis, Andrea se dá conta de que a perfeição que ele aparenta ter é apenas uma fachada, e que ela precisa reconsiderar suas prioridades e o que realmente é importante em um relacionamento.

O filme também explora a pressão que sentimos para nos encaixar em um molde preestabelecido. O comportamento de Dennis, ao mentir sobre sua vida para impressionar Andrea, reflete o quanto as pessoas podem ser seduzidas pela ideia de serem vistas de uma maneira específica. Por outro lado, a jornada de Andrea é uma busca pela autodescoberta, em que ela aprende a separar a imagem idealizada da realidade, em um processo de amadurecimento e autêntica conexão com o outro.

Humor e Reflexão

Embora Good on Paper aborde temas sérios como desilusão, mentira e autodescoberta, o filme faz isso de forma acessível, com um humor que alivia o peso da trama sem minimizar suas implicações. A comédia vem das situações cotidianas e dos personagens secundários, como os amigos de Andrea, que, embora tragam leveza, também desempenham o papel de espelhos da realidade, refletindo o que há de mais comum nas relações modernas.

A leveza do humor, combinada com a profundidade da reflexão, faz com que o filme seja mais do que apenas uma comédia romântica. Ele propõe questionamentos importantes sobre como nos relacionamos com os outros e o que realmente estamos buscando nas relações íntimas.

Conclusão

Good on Paper é um filme que oferece uma crítica inteligente à superficialidade dos relacionamentos contemporâneos, ao mesmo tempo em que entrega uma história divertida e envolvente. A atuação de Iliza Shlesinger e Ryan Hansen, somada à direção precisa de Kimmy Gatewood, resulta em uma comédia romântica que, além de entreter, também faz refletir sobre as expectativas que colocamos nos outros e em nós mesmos.

O filme, embora lançado em 2021, permanece relevante para qualquer época, visto que os temas que aborda — a busca pela perfeição e as consequências de se iludir com ela — são universais e atemporais. Em um mundo onde as aparências muitas vezes enganam, Good on Paper lembra-nos que, por trás de um bom currículo, de uma vida aparentemente perfeita, existe a necessidade de autenticidade, honestidade e, acima de tudo, a aceitação do outro em sua totalidade.

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