A Crônica da Reinvenção: “The Fk-It List” e a Jornada de Autodescoberta no Adolescente**
Lançado em 2019 e com sua estreia no catálogo da Netflix em 1º de julho de 2020, o filme “The F**k-It List”, dirigido por Michael Duggan, se configura como uma comédia de tom irreverente, com elementos dramáticos que propõem uma reflexão sobre as escolhas da vida e suas consequências. Com um elenco notável composto por Eli Brown, Madison Iseman, Marcus Scribner, Jerry O’Connell, Karan Brar, Tristan Lake Leabu, Peter Facinelli e Natalie Zea, a produção aborda os dilemas enfrentados por um adolescente em um momento crítico de sua vida, onde a pressão acadêmica, as expectativas familiares e os sonhos pessoais colidem de forma imprevista.
A história gira em torno de Brett Blackmore (interpretado por Eli Brown), um estudante exemplar e esforçado, que após um trote escolar dar errado e acabar de maneira desastrosa, vê sua vida virar de cabeça para baixo. Com os seus planos para o futuro arruinados, Brett se encontra preso em um turbilhão de emoções contraditórias. Em meio ao caos, ele decide compartilhar uma lista de coisas que gostaria de ter feito de forma diferente em sua vida — uma lista de ações não realizadas ou oportunidades perdidas que, talvez, ainda fosse possível resgatar. É nesse ponto que o título do filme faz todo o sentido: “The F**k-It List” (A Lista do Dane-se) simboliza a ideia de que, ao invés de se prender a expectativas rígidas, talvez seja necessário se libertar e assumir as rédeas da própria história.
O Enredo e os Personagens: Um Mergulho nas Contradições da Juventude
O filme começa com a apresentação de Brett, um típico aluno que se dedica a seus estudos com a esperança de garantir uma vaga em uma universidade de prestígio. Porém, sua vida muda drasticamente quando ele se vê envolvido em um trote escolar que não sai como planejado, expondo seus erros e fragilidades para o público. Esse incidente, inicialmente visto como uma simples brincadeira, acaba virando um divisor de águas na vida de Brett. O que parecia ser um episódio isolado de adolescentes em busca de diversão, transforma-se em uma catástrofe de proporções inesperadas, desafiando sua identidade e seus sonhos futuros.
Com o apoio de seus amigos e familiares, Brett começa a refletir sobre as escolhas que fez, principalmente em relação às expectativas que a sociedade, a escola e seus pais impuseram sobre ele. Em vez de seguir o caminho esperado, ele decide fazer algo radical: criar uma “lista do dane-se”, que é, na verdade, uma tentativa de se libertar da pressão e viver sem arrependimentos. A partir desse momento, o filme não só explora os desafios enfrentados por Brett, mas também a dinâmica de sua relação com os outros personagens, como a amiga protagonista, interpretada por Madison Iseman, e seu professor, vivido por Peter Facinelli, ambos agentes importantes em sua jornada de autodescoberta.
Através de interações com esses personagens, o filme vai além da comédia e se arrisca em momentos de grande profundidade emocional, quando Brett começa a perceber que, muitas vezes, a felicidade não está nas conquistas materiais ou acadêmicas, mas sim nas escolhas corajosas e, por vezes, inesperadas. A narrativa do filme se constrói em torno dessa busca por um novo significado para a vida de Brett, ao mesmo tempo que questiona os padrões impostos pela sociedade para os jovens, especialmente no contexto escolar.
O Contexto e as Reflexões Psicológicas
Embora “The F**k-It List” tenha sido classificado como uma comédia (na categoria “Comedies” da plataforma de streaming), o filme aborda temas bastante sérios, como a pressão dos estudos, o medo do fracasso e as expectativas que podem gerar danos à saúde mental dos jovens. A trajetória de Brett pode ser vista como uma representação de muitos adolescentes que, ao longo de suas vidas, têm suas aspirações moldadas por fatores externos, ao invés de buscarem uma identidade própria. A comédia, portanto, serve como um veículo para abordar questões como a ansiedade, o estresse acadêmico e a falta de liberdade para se expressar livremente.
A figura de Brett reflete os dilemas existenciais de muitos estudantes que se veem diante de uma sociedade cada vez mais exigente, onde o sucesso acadêmico e profissional são considerados os únicos caminhos válidos para alcançar a felicidade. A “lista do dane-se” surge, então, como uma tentativa de se desconectar desse ciclo, proporcionando um alívio para o jovem que sente que a vida está sendo vivida no piloto automático, com pouca ou nenhuma consideração pelas suas próprias vontades ou desejos.
A Influência do Elenco e a Direção Criativa
A escolha do elenco para “The F**k-It List” foi uma parte fundamental para a construção da história. Eli Brown, no papel de Brett, transmite com precisão a vulnerabilidade de um jovem que se vê perdido entre os deveres e as frustrações. Ao seu lado, Madison Iseman e Marcus Scribner adicionam camadas de complexidade aos papéis coadjuvantes, interpretando amigos que têm diferentes formas de lidar com os dilemas do protagonista. A dinâmica entre eles cria uma rede de apoio e, ao mesmo tempo, de confronto, essencial para o desenvolvimento do enredo.
A direção de Michael Duggan, embora mais voltada para uma abordagem leve e descomplicada, consegue equilibrar com sensibilidade os aspectos mais profundos e reflexivos da história. Ele constrói cenas de comédia genuína sem abrir mão de momentos de introspecção emocional, o que dá ao filme uma profundidade rara para uma produção que, à primeira vista, poderia ser facilmente considerada apenas mais uma comédia juvenil. A transição entre humor e drama é feita de maneira sutil, permitindo que o espectador se conecte com o protagonista e, ao mesmo tempo, se divirta com as situações inusitadas que ele se vê envolvido.
A Comédia como Reflexão: “The F**k-It List” como Crítica Social
Embora “The F**k-It List” seja uma comédia, ela se configura como uma crítica à sociedade atual, que muitas vezes faz com que os jovens sintam-se pressionados a alcançar a perfeição. A trajetória de Brett e sua “lista do dane-se” sugerem que a vida não precisa ser uma sequência de metas cumpridas, mas sim uma jornada de escolhas, erros e acertos, onde a liberdade de ser quem se é e de fazer o que se ama deve prevalecer.
O filme também aborda o impacto das redes sociais e da imagem pública, elementos centrais na vida dos adolescentes atuais. Brett é forçado a confrontar o peso de sua própria imagem e, ao fazer isso, ele começa a entender que sua identidade não pode ser definida pelas opiniões alheias, mas sim por suas próprias experiências e escolhas. Esse é um tema universal, que ressoa não apenas com os mais jovens, mas também com aqueles que, em algum momento da vida, se sentiram pressionados pelas expectativas de terceiros.
Conclusão: Um Filme sobre Crescimento Pessoal e Liberdade
“The F**k-It List” vai muito além de uma simples comédia adolescente. Com uma trama que mistura elementos de comédia e drama, o filme convida o espectador a refletir sobre suas próprias escolhas de vida, a importância de aprender com os erros e, principalmente, a entender que é possível começar de novo a qualquer momento. A “lista do dane-se” não é apenas um meio para Brett se redimir, mas uma maneira de ele se libertar das amarras da perfeição e abraçar a vida como ela é — imperfeita, mas cheia de oportunidades para quem se dispõe a arriscar.
Em última análise, “The F**k-It List” é uma história sobre autodescoberta, liberdade e a busca pela verdadeira felicidade, com uma mensagem que ressoa com qualquer pessoa que tenha passado pela angústia da escolha, da pressão e do desejo de se adequar a padrões muitas vezes irreais. O filme sugere, portanto, que a verdadeira felicidade não está em atingir uma meta, mas em aprender a viver com autenticidade e coragem, mesmo diante dos imprevistos da vida.
O filme “The F**k-It List” está disponível para streaming na Netflix e possui uma duração de 103 minutos. Classificado como TV-MA, é uma comédia que também apresenta momentos dramáticos e de reflexão. A direção de Michael Duggan é acompanhada por um elenco talentoso que confere à obra uma identidade única.