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A Língua de Malta

A língua de Malta, um aspecto essencial da identidade cultural do país, é o maltês, que é a língua nacional e oficial, juntamente com o inglês. O maltês, conhecido localmente como “Maltese” ou “Maltese language,” tem uma história rica e complexa, refletindo a influência das diversas civilizações e culturas que moldaram a ilha ao longo dos séculos.

Origens e Evolução do Maltês

O maltês pertence ao grupo das línguas semíticas, mais especificamente ao ramo ocidental das línguas semíticas. Esse grupo inclui outras línguas historicamente faladas na região do Oriente Médio, como o árabe e o hebraico. O maltês, no entanto, evoluiu de forma distinta devido à sua história única e à influência de diversas potências coloniais e culturas ao longo do tempo.

A origem do maltês remonta à época da dominação árabe nas ilhas de Malta, que ocorreu entre os anos de 831 e 1091. Durante esse período, o árabe foi a língua dominante, e o maltês desenvolveu-se a partir do dialeto árabe que era falado na região. No entanto, com a saída dos árabes e a subsequente chegada dos normandos e outros conquistadores europeus, a língua maltês começou a incorporar elementos do latim, das línguas românicas e do inglês.

A influência do latim é particularmente significativa, uma vez que Malta foi parte do Império Romano e, mais tarde, do Império Bizantino. Após a queda do Império Bizantino, a língua latina continuou a ter um papel importante na administração e na religião, o que deixou uma marca indelével no vocabulário e na estrutura do maltês.

Características Linguísticas

O maltês é a única língua semítica que é escrita em alfabeto latino, o que a distingue de outras línguas semíticas que utilizam o alfabeto árabe. Esta característica é um reflexo das influências europeias sobre a língua ao longo dos séculos. O alfabeto latino foi adotado em meados do século XIX, substituindo o alfabeto árabe que havia sido usado anteriormente. Esta mudança foi crucial para a modernização e a padronização do maltês.

Fonologicamente, o maltês mantém algumas das características das línguas semíticas, como a presença de consoantes guturais e a importância dos triconsonantismos na formação das raízes das palavras. No entanto, o idioma também incorporou sons e estruturas das línguas europeias, particularmente o italiano e o inglês, refletindo a interação contínua de Malta com o continente europeu.

A gramática do maltês é bastante complexa, com um sistema de declinação dos substantivos e um conjunto de regras para a formação de plurais e a conjugação de verbos que pode ser desafiador para os falantes de línguas não semíticas. O sistema verbal maltês é caracterizado por raízes trilíteras que podem ser modificadas por diferentes padrões de conjugação para expressar diferentes tempos e aspectos.

Influências e Empréstimos Linguísticos

A língua maltês é notável por sua rica mistura de influências lingüísticas. Além da influência árabe e latina, o maltês incorporou muitos empréstimos do italiano e do inglês, reflexo da longa história de interação de Malta com esses países. O italiano teve uma influência significativa na língua, particularmente durante o período de domínio dos Cavaleiros de São João, que governaram Malta entre 1530 e 1798. O italiano era a língua da administração e da cultura durante essa época, e muitos termos italianos foram assimilados ao maltês.

No século XIX e no início do século XX, a presença britânica em Malta também deixou uma marca duradoura na língua. O inglês, como uma das línguas oficiais de Malta, contribuiu com um número considerável de termos técnicos, científicos e administrativos ao vocabulário maltês. Essa influência é evidente em muitos aspectos da vida cotidiana em Malta, incluindo a educação, o governo e os negócios.

Status Oficial e Educação

O maltês é uma língua oficial de Malta e é amplamente utilizado em todos os aspectos da vida pública e privada. Desde a independência de Malta do Reino Unido em 1964, o maltês tem sido promovido como um símbolo de identidade nacional e cultural. O governo maltês tem implementado políticas para apoiar e preservar o maltês, incluindo a educação em maltês nas escolas e a publicação de literatura e mídia na língua.

O ensino do maltês começa desde os primeiros anos escolares, e o idioma é ensinado como parte do currículo nacional. Há também um forte incentivo à produção literária em maltês, com uma rica tradição de poesia, prosa e teatro que contribui para a preservação e a promoção da língua.

Além disso, Malta é membro da União Europeia desde 2004, e o maltês foi reconhecido como uma das línguas oficiais da UE. Isso trouxe uma nova dimensão ao status da língua, permitindo que o maltês seja usado em documentos oficiais e em comunicações institucionais da União Europeia.

Desafios e Preservação

Apesar do status oficial e da importância cultural do maltês, a língua enfrenta desafios contemporâneos. A globalização e a crescente influência das línguas inglesas e italianas, especialmente entre as gerações mais jovens, têm levado a uma redução no uso diário do maltês. Além disso, o aumento da mobilidade e da imigração pode apresentar desafios adicionais para a preservação da língua.

No entanto, há muitos esforços em curso para garantir a sobrevivência e a vitalidade do maltês. Instituições como a Academia de Malta, a entidade responsável pela regulamentação e promoção da língua, desempenham um papel crucial na preservação e no desenvolvimento do idioma. Há também uma crescente valorização da língua maltês na mídia, na literatura e em eventos culturais, o que ajuda a manter o interesse e o uso da língua entre os malteses.

Conclusão

A língua de Malta, o maltês, é uma testemunha viva da rica e complexa história da ilha. Com raízes profundas nas tradições semíticas e influências significativas de diversas culturas e potências coloniais, o maltês representa um vínculo vital com o passado e um símbolo importante da identidade nacional maltesa. Sua evolução ao longo dos séculos e a sua posição atual como língua oficial e culturalmente significativa refletem a resiliência e a adaptabilidade da língua em face das mudanças sociais e históricas.

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